Cá por casa, as manhãs são sempre um bocadinho caóticas. Somos três (porque o pai já tem sempre saído para ir trabalhar) e dois ainda não são independentes.

 

As rotinas foram-se afinando. Já acontecem com mais rapidez, já stressamos mesmo. Ainda assim, são três corpos para lavar, três corpos para vestir, duas cabeças para pentear e dois pequenos-almoços para tomar (que o do mais novo só é tomado em casa da avó).

 

Eles colaboram, já perceberam a mecânica da coisa e ajudam no que podem. Mesmo assim, sinto-me sempre uma espécie de general de trazer por casa. São trinta minutos de ordens dadas com veemência, trinta minutos em que ninguém pode demorar mais um bocadinho a olhar para o ar.

 

Claro que isto falha muitas vezes. Mas o facto de sentir que eles estão cada vez mais responsáveis e que percebem cada vez melhor a importância da independência e da ajuda é coisa que me deixa feliz. Não chegamos todos os dias a horas, mas damos todos o nosso melhor, ajudamo-nos, colaboramos.

 

E depois, a caminho da escola, cantamos juntas as músicas que passam na rádio (sim, só as duas, que o mais novo ainda não é muito dado a cantorias), rimo-nos das piadas matinais e, quando cada um chega ao seu destino, vai preparado para ter um dia bom.

 

Lénia Rufino