Apaixonado por moda e a trabalhar na área há mais de duas décadas, Pedro Crispim tem-se destacado no pequeno ecrã nos últimos anos.

Em abril do ano passado, integrou o leque de comentadores do ‘Big Brother’, da TVI, e tornou-se uma figura ímpar entre os colegas pelas opiniões polémicas e a característica bobage. Depois de três edições, decidiu afastar-se do canal para se dedicar ao styling, mas a SIC surpreendeu-o com um convite duplo.

Atualmente à frente de 'Look@Me' e no papel de comentador do ‘Passadeira Vermelha’, Pedro Crispim vive uma nova fase profissional na SIC e SIC Caras e sonha em ir mais além em televisão, como revelou ao Fama Ao Minuto.

É um dos novos rostos da SIC. A que sabe esta mudança?

Acima de tudo acho que a vida é feita de fases. É um livro que está sempre a ser escrito e na minha profissão faz sentido pintá-lo com experiências diferentes. Embora todas as experiências sejam válidas e tenham o seu espaço, para iniciarmos uma nova fase, temos de encerrar a anterior.

Disse que quando surgiu o convite estava "numa fase em que o silêncio e um certo recato lhe estavam a saber muito bem". Era um convite irrecusável?

O ‘Big Brother’ foi um projeto muito intenso, fiz três reality shows seguidos. É muito desafiante, muito complexo, mas também muito desgastante. O que senti era que depois de me entregar tanto a um projeto, que era um projeto com uma energia e uma dimensão enorme, também muitas vezes na própria narrativa da persona televisiva que construi, precisava de respirar fundo, organizar ideias e dedicar-me a outros projetos. Precisava de me focar noutras frentes, inclusive no meu atelier.

Trocar TVI pela SIC? Sou um prestador de serviços, não sou exclusivo de ninguém

Foi uma decisão sua não continuar como comentador do 'Big Brother' ou a estação já tinha em vista que não faria parte do painel de comentadores da nova edição?

Foi uma decisão totalmente minha não continuar. Não fazia sentido prosseguir. Sou muito grato pelas oportunidades que me foram dadas [pela TVI], tanto no reality show como nas rubricas de moda nas quais fui muito feliz. Já tinha falado nisso publicamente, que seria o fecho de um ciclo. Agora, será o fecho de um ciclo efetivo? Não, acho que nada é para sempre. Neste momento fazia sentido estar a fazer outras coisas, que nem tinham de passar pela televisão. A televisão não é nem nunca foi a minha prioridade, mas tem um lugar na minha vida que eu valorizo. Só enquanto me acrescentar, continua na minha vida.

As ‘trocas’ entre a TVI e a SIC têm sido recorrentes nos últimos tempos. Como viveu esse processo?

Tranquilamente, sou um prestador de serviços, não sou exclusivo de ninguém. Acima de tudo, o maior compromisso é comigo mesmo. Na realidade, a questão das audiências, de transferências, toda essa tónica não me atinge, não estou muito interessado em saber. Nem como profissional muito menos como público. Como público, quero ser entretido e informado, tudo o que se passa a nível de bastidores não me diz respeito. É assim que navego nestes mares, foco-me no meu papel.

O que é que o aliciou em apresentar o 'Look@Me'?

O Look@Me tem como grande protagonista o candidato. Cada programa é único, focado num elemento, é feito à medida de cada um deles. Cada programa é muito personalizado. Como sou stylist e em moda há 24 anos, apaixonei-me por este projeto. Trabalho para as pessoas.

Volto um comunicador diferente, um profissional mais maduro

Como está a ser trabalhar com a Inês Mocho e a Sofia Arruda?

Já as conhecia, tanto pessoalmente como a sua linha de trabalho. Tem sido muito giro, temos aprendido muito uns com os outros e criado laços que acabam por se refletir no ecrã. Estamos a ‘afinar’, estamos conhecer-nos profissionalmente e tem sido delicioso conhecer estas duas mulheres. Além das suas brilhantes carreiras, uma como atriz e a outra a nível de maquilhagem, com uma forte expressão digital, têm-me acrescentado ensinamentos ótimos.

É também um dos novos elementos do ‘Passadeira Vermelha’. Passados anos, que diferenças encontra no formato neste regresso?

Na realidade, é um misto de sentimentos. Parece que o mundo mudou muito, também o comentador que eu era em 2014 [durante um ano no mesmo programa] mudou. Volto um comunicador diferente, um profissional mais maduro. Também o público precisa de outro tipo de estímulos. Sinto-me muito feliz por fazer parte do leque de comentadores deste programa porque acho que é um programa de referência na sua área.

Adapto-me aos projetos mas sempre com o meu ADN, que também acho que é isso que o público espera de mim, ver um pouco de bobage em todo o lado

O público começou a conhecê-lo melhor ao longo do último ano, no papel de comentador do ‘Big Brother’. Como tem vindo a lidar com a exposição?

Acima de tudo com a noção de que tudo é passageiro. É usufruir do que tem de ser usufruído, levar comigo o que é uma mais valia e o resto deixar pelo caminho. Sempre no sentido de crescer e aprender.

Podemos esperar a mesma transparência como comentador do ‘Passadeira Vermelha’ ou este projeto exige outra postura?

A pessoa é a mesma. Quando me convidaram para os dois projetos, não estava sequer com a minha atenção e energia focadas em fazer televisão. A televisão funciona como algo complementar ao que tem sido a minha vida, não me sinto obrigado a aceitar nada. Embora o ‘Passadeira Vermelha’ seja um programa de comentário, nunca vou prescindir de ser eu mesmo. Adapto-me aos projetos mas sempre com o meu ADN, que também acho que é isso que o público espera de mim, ver um pouco de bobage em todo o lado. Levo para a televisão o que sou fora da mesma.

Além dos projetos em televisão, continua a investir na carreira de stylist com o seu atelier. Vinte e quatro anos depois, o que é que o continua a fascinar no universo da moda?

Sempre sonhei trabalhar em moda. O curso de manequim, em 1996, aconteceu por acaso, o meu foco era trabalhar em bastidores, na criação. Sou muito feliz a trabalhar com pessoas para as pessoas. Cada pessoa é um mundo, cada marca tem a sua história. Há sempre este fator novidade porque cada projeto é único. Continuo a sentir-me muito estimulado e realizado.

Sinto que tenho capacidade e maturidade para poder evoluir e apresentar o meu próprio projeto. Vou trabalhando aos poucos para quando esse momento chegar, porque vai chegar

Continuar em televisão é um objetivo?

Televisão não é o foco da minha vida. De quando em fez faço televisão, relativizo a nível do mediatismo. Aos 42 anos, tenho noção do seu lado temporal, mas também frágil. Vivo com as expectativas alocadas a cada dia e a cada projeto. As minhas rédeas profissionais estão na minha empresa porque aí consigo dar as respostas todas. Ao trabalhar em televisão, as métricas são outras. Hoje em dia vão além da formação, passam pelas redes sociais, os seguidores, os fãs, é tudo muito abstrato. Prefiro basear a minha vida em algo mais consistente.

A televisão é uma área de que gosto muito e que me estimula muito. É uma área em que gostava de crescer mais e ser mais desafiado, até em áreas que não têm a ver com a minha. Considero-me um comunicador. Comunico através da moda, da roupa, das aulas, das palestras, das rubricas. Sinto que tenho capacidade e maturidade para poder evoluir e apresentar o meu próprio projeto. Vou trabalhando aos poucos para quando esse momento chegar, porque vai chegar, exista uma base coesa. Quando as coisas chegam à nossa vida é porque estamos preparados.

Que outros desafios gostaria de abraçar futuramente?

Neste momento estou focado no Look@Me, que é um programa que sublinha a parte bonita da vida depois da pandemia, e no ‘Passadeira Vermelha’ que é quase o regresso a uma fase da minha vida em que fui muito feliz. Continuo também com o atelier a trabalhar na consultoria de algumas marcas.

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