Ruy de Carvalho falava aos jornalistas na sala das Bicas, no Palácio de Belém, em Lisboa, à saída da cerimónia na qual o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o condecorou com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito, a quinta condecoração na vida do ator que faz hoje 90 anos e conta já com 75 anos de carreira.

"Vamos com coragem, rapazes. Vamos pensar que o ministro da Cultura está a ouvir o que estamos a dizer. Eu acho que a cultura em Portugal está um bocadinho abandonada, que precisa de ser posta em cima", respondeu Ruy de Carvalho quando questionado sobre a mensagem que gostaria de deixar aos restantes atores.

O ator recordou que "um povo culto é um povo que sabe fazer aquilo que quer", considerando que "o povo só ordena quando tiver capacidade para governar".

"Desejo-vos um bom trabalho sempre e que tenham a profissão mais digna do mundo, que é o jornalismo, e que combatam o Trump, com aquilo que ele diz dos jornalistas. São grandes lutadores, os jornalistas, e colaboram muito no desenvolvimento do país quando trabalham nesse sentido", disse, dirigindo-se diretamente aos jornalistas presentes.

Na opinião de Ruy de Carvalho, "qualquer reconhecimento que seja feito aos atores e aos artistas em geral contribui sempre para o desenvolvimento e para a melhoria da qualidade" e é por isso que o público é tão necessário, seja para aplaudir ou para patear.

"Estou muito feliz, como calculam. É uma linda condecoração que recebi hoje, é um mérito que eu julgo que mereço pelo trabalho que fiz e pela vida que tenho feito como homem e como profissional do teatro", assumiu.

Ruy de Carvalho despediu-se do Palácio de Belém com um "até logo aqueles que forem à minha noite", referindo-se à homenagem no Salão Preto e Prata, do Casino Estoril, num espetáculo em que participam vários artistas, entre os quais Rui Veloso, Dulce Pontes, Luís Represas e Toy, além dos atores João e Henrique de Carvalho, respetivamente filho e neto do ator.