Não ficando indiferente aos acontecimentos que marcam a ordem do dia, uma vez que na tarde de hoje, dia 26, acontecerá a manifestação do Vida Justa, para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem de 43 anos baleado por um agente da PSP após uma perseguição policial na Amadora, Dino d'Santiago partilhou uma reflexão com os seguidores nas redes sociais.

"Hoje, como um rio em movimento, corpos fundem-se numa só voz – uma voz que ecoa pelos recantos esquecidos e pelas margens onde a dignidade se torna escassa. É um sopro de memória e um clamor por Odair Moniz e por todos aqueles cujas vidas foram interrompidas pela injustiça", começa por referir.

"Este manifesto representa um apelo para sanar a fratura do 'nós e os outros', uma cicatriz que o tempo cravou na carne viva da humanidade. Procura-se aqui erguer pontes, criar elos que incluam todos os vulneráveis – as crianças que ousam sonhar, os idosos que guardam memórias, as pessoas com deficiência que enfrentam barreiras invisíveis, as mulheres, as minorias étnicas e raciais, pessoas LGBTQIA+, imigrantes, refugiados e todos aqueles que foram esquecidos nas sombras", continia.

"O caminho para a equidade é longo, e a paz requer mais do que palavras – exige corpos em marcha, mãos estendidas, mentes abertas. Aspira-se a um mundo onde a diversidade seja a norma e não a excepção, onde cada rosto, de cada bairro, seja um reflexo de dignidade e humanidade", diz ainda.

O músico apela ainda para a importância de não se cair em generalizações: "É fundamental compreender que nem todos os agentes da PSP são maus profissionais; muitos encontram-se igualmente vítimas de um sistema desigual que os coloca em posições de conflito. Da mesma forma, nem todas as pessoas marginalizadas e esquecidas nos bairros sociais são criminosas; em grande parte, são pessoas invisibilizadas, carregando o peso da injustiça".

"Hoje, às 15h, será a paz a percorrer as avenidas, do Marquês aos Restauradores, num gesto coletivo que homenageia aqueles que lutam por um mundo melhor. Que este ato de união seja um compromisso e uma promessa: que a voz continuará a erguer-se, as mãos continuarão a estender-se, até que o fosso do 'nós e os outros' seja preenchido por um 'nós' indivisível. Que, juntos, possamos ser os agentes de uma paz que pertença a todos os seres humanos, sem distinção", completa.