Para Mahmood, cantor e compositor italiano de ascendência egípcia de 29 anos, o Festival Eurovisão da Canção não é uma experiência nova. Em 2019, com "Soldi", ficou em segundo lugar, em Telavive. Este ano, decidiu aliar-se a Riccardo Fabbriconi, mais conhecido como Blanco, para tentar conquistar a vitória que lhe escapou em Israel. Desde que "Brividi" ganhou o Festival de Sanremo no início de fevereiro e, com essa vitória, o direito a representar Itália, tem sido uma das grandes favoritas.

Três meses depois, a dupla italiana continua firme no pódio das casas de apostas e nas preferências dos fãs do certame. Neste momento, com 14% das intenções de voto, ocupa o segundo lugar atrás da canção da Ucrânia, que lidera com 43%. Desde que a Rússia invadiu o país, são muitos os seguidores do certame que garantem que vão votar em "Stefania" como forma de protesto contra a Rússia. "Não ligamos a isso porque queremos viver esta experiência com liberdade", desabafa, todavia, um dos artistas.

A vossa participação tem gerado uma grande expetativa por parte dos fãs do eurofestival desde o início. No vosso caso pessoal, como é que têm lidado com as ondas de entusiasmo que têm recebido?

Mahmood: Eu penso que será uma excelente oportunidade para partilhar a nossa música com o público. Mal posso esperar para subir ao palco e para competir com realidades criativas que são diferentes da nossa...

Blanco: Também estou muito impaciente para atuar naquele palco. Ainda para mais, a Eurovisão regressa a Itália 31 anos depois e, para nós, é uma honra poder representar o nosso país com uma das quatro canções que compusemos para esta ocasião especial.

"Brividi" é o nome da canção que vão interpretar em Turim. O que é que pretenderam transmitir quando a compuseram?

Mahmood: "Brividi" é a expressão de um sentimento universal que reúne em si a mesma pulsão e os mesmos medos que todos sentimos, indistintamente. O medo de errar e de nos sentirmos inúteis e incompetentes nas nossas (rel)ações e incapazes de transmitir o que sentimos mas, ainda assim, com uma grande vontade de amar em total liberdade, dando ao outro tudo o que temos de melhor.

Estão satisfeitos com a posição que ocupam nas tabelas das principais casas de apostas? Preocupam-se com isso ou não?

Blanco: Não queremos prestar atenção às previsões nem às apostas que nos colocam entre os favoritos à vitória. À semelhança do que aconteceu no Festival de Sanremo, também queremos viver a experiência da Eurovisão com total liberdade. Vamos lá para nos divertirmos e para levar a nossa música e a nossa mensagem à vasta audiência que nos vê.

Já alguma vez estiveram em Portugal?

Blanco: Infelizmente, ainda não. Mas espero visitar o vosso país em breve!

Mahmood: Eu, infelizmente, também não...

Antes de Salvador Sobral ganhar o Festival Eurovisão da Canção de 2017 em Kiev, na Ucrânia, já tinham prestado alguma vez atenção à música que se vai fazendo em Portugal?

Mahmood: Vou ser muito sincero. Infelizmente, não...

Blanco: Mas "Amar pelos dois" é uma canção linda. Há todo um sentimento de verdade que percorre esse tema do início ao fim.

Muitos dos participantes da edição deste ano do Festival da Eurovisão da Canção já revelaram os seus favoritos. Há alguma canção que vos encha as medidas?

Mahmood: Nós adoramos os Kalush Orchestra, o grupo que representa a Ucrânia.

Blanco: Sim, são eles os nossos favoritos...

E depois do festival, independentemente do resultado, já têm planos definidos?

Mahmood: Sim, vamos continuar com as nossas digressões individuais.

Blanco: Estamos muito felizes por poder, finalmente, regressar aos palcos e aos concertos. Apresentar a nossa música ao vivo e contactar com o público são das coisas que mais gostamos de fazer.