Juan Carlos I prepara-se para regressar a Portugal? O rei emérito escreveu uma carta ao filho a dizer que vai abandonar Espanha e Cascais, onde viveu grande parte da juventude, é, segundo a imprensa nacional e até internacional, um dos destinos mais prováveis para o novo exílio do monarca espanhol de 82 anos, caído em desgraça. Em declarações ao jornal Sol, Carlos Carreiras, presidente da autarquia local, garante que, se quiser voltar, o ex-governante será recebido "com toda a amizade".

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"O rei emérito Juan Carlos é um cidadão de Cascais, que aqui viveu durante largos anos, que cá mantém muitos amigos e que, de alguma forma, é acarinhado ainda hoje em dia. Isso é verdade. Se for essa a opção dele e da Casa Real Espanhola, por Cascais, obviamente que o receberemos com toda a amizade", admite o autarca. O monarca, que reinou entre 1975 e 2014, anunciou a intenção de abandonar o país, numa carta que o Palácio da Zarzuela tornou entretanto pública, numa altura em que está a ser alvo de várias investigações por causa de alegadas transferências monetárias para paraísos fiscais e de suspeitas de fraude fiscal.

"Perante a repercussão pública que estão a gerar vários acontecimentos da minha vida privada, pretendo manifestar-te a minha mais absoluta disponibilidade para contribuir para o facilitar do exercício das tuas funções, incluindo a tranquilidade e o sossego que a tua alta responsabilidade requer. O meu legado e a minha própria dignidade como pessoa assim o exigem", justificou Juan Carlos I na missiva que, alegadamente, enviou ao filho. Segundo a imprensa espanhola, Filipe VI terá concordado.

De acordo com analistas e comentadores do país vizinho, apesar da carta do rei emérito ao atual rei dar a entender que a decisão de abandonar Espanha para não afetar (ainda mais) a imagem da monarquia espanhola partiu do governante que devolveu a liberdade aos espanhóis, Juan Carlos I terá sido pressionado pelo sucessor a deixar o país, tal como sucedeu com Cristina de Bourbon, depois do escândalo de corrupção financeira em que o marido, Iñaki Urdangarin, se viu envolvido em novembro de 2011.

Para se distanciar publicamente do pai, a 15 de março, em plena pandemia, o marido de Letícia da Espanha renunciou à herança do pai. Em junho, o Supremo Tribunal de Espanha abriu uma investigação ao envolvimento do rei emérito num contrato de construção de uma linha ferroviária de alta velocidade na Arábia Saudita. Os investigadores suspeitam que Juan Carlos I tenha recebido um montante elevado para recorrer aos seus contactos pessoais para agilizar e acelerar o processo.