Numa interessante entrevista de capa concedida à revista de relógios "Espiral do Tempo", Joaquim de Almeida, o mais internacional dos actores portugueses, explica à jornalista Isabel Stilwell os motivos que o levaram a naturalizar-se norte-americano.
Diz ele: "Naturalizei-me americano há uns anos e já o devia ter feito há muitos mais. Podia tê-lo feito a partir de 1982, e assim os meus filhos seriam já americanos também, em vez de se verem obrigados a entrar e a sair com uma carta verde (...). Mesmo quando me naturalizei, foi só porque na fronteira me estavam sempre a dizer que tinha de renovar a carta verde porque a fotografia já estava desactualizada (...). Quando ia tratar disso da renovação, pensei: ‘que estupidez, porque não naturalizar-me americano e resolver esta questão de uma vez por todas?'. Tinha, além disso, duas razões fortes: sou furiosamente anti-Bush e queria votar (votei e tornarei a votar no Obama) e, além disso, é ali que vou receber a minha reforma, que tem logo um desconto de 15 por cento se não for nacional. Agora quando chego dizem ´welcome home', é agradável..."
Na sequência da entrevista, Joaquim de Almeida conta, ainda, que jurou a bandeira dos Estados Unidos numa cerimónia com mais de três mil pessoas, embora longe da multidão, entre os VIP e os militares, porque é considerado pelas autoridades norte-americanas um "public person".
Interrogado sobre se "o seu coração palpita quando ouve o hino americano", Joaquim de Almeida responde desta forma: "Nem por isso. Continuo a sentir-me português; sempre fiz um esforço para não deixar de falar bom português. É em Portugal que estão os meus dois filhos. Na altura, vi escrito que tinha traído a Pátria, o maior disparate que já ouvi. Todos os portugueses que estão nos Estados Unidos se naturalizam ao fim de cinco anos, não tem nada a ver com patriotismo ou falta dele."
Detentor de dois passaportes (um português e um norte-americano), Joaquim de Almeida vive actualmente em Santa Mónica, em Los Angeles, mas vem com frequência à sua casa de Sintra.
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