"Uma das causas da minha vida é a violência doméstica": foi desta forma que Manuel Luís Goucha começou por abordar o tema, pelo qual tem dado voz ao longo dos anos, durante uma entrevista que deu a Carolina Deslandes no seu novo podcast 'A Duas Vozes'.

O apresentador deu um exemplo mais pessoal, lembrando um dos seus relacionamento anteriores que terminou ao fim de 11 anos, tendo-o deixado num estado depressivo.

"Na altura em que saí de uma relação, que teve qualquer coisa de toxicidade... A relação foi maravilhosa porque a pessoa com quem vivi fez-me redescobrir o prazer da pesquisa, porque vivi com alguém que tinha possibilidades de me fornecer todo o tipo de informações, dossiers sobre convidados que eu ia ter n'A Praça da Alegria'", recorda.

Entretanto, reflete: "Quando se escuta um companheiro de vida a dizer 'tu és uma merda, só és bom porque eu estou aqui' acabas por interiorizar. É a violência verbal que entronca na violência psicológica. Acabo uma relação de 11 anos e o que é que me sinto? Uma merda. Como é que agora vou avançar?"

"Ao mesmo tempo estás a fazer um programa de televisão chamado 'Momentos de Glória', na TVI, que é um grande programa, um grande projeto, entrevisto vedetas internacionais do cinema (...), mas não tive a humildade de dizer 'não vou ser capaz, não tenho estrutura intelectual, nem a dimensão cultural para poder entrevistar estas pessoas'. Disse que sim, o programa não era visto em todo o país, fui arrasado nas críticas", lembra.

"Tudo isto fez com que fosse ao fundo do poço, pensei no pior, entre num estado depressivo", conta, afirmando que encontrou a salvação de que precisava na psicanálise, tendo recorrido à mesma especialista que trabalhava com Teresa Guilherme.

Hoje, Goucha chama a atenção para a importância de se estar atento a todos os sinais de violência num relacionamento, que não passam apenas pelas agressões físicas, mas também pelas verbais.

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535