O Fama ao Minuto foi até casa de Isabel Silva. Conhecemos a apresentadora e a fonte de toda a sua energia: a cozinha. É este o seu local predileto dentro de portas, no qual põe em prática um aspeto fundamental do seu estilo de vida saudável: a comida do bem, como gosta de lhe chamar.

Apesar de a alimentação ser essencial, Isabel Silva não descura da sua rotina o amor… ao desporto, a si e aos seus.

Lançou o seu livro esta semana. Como tem sido a reação das pessoas?

Muito positiva. O livro já está à venda desde o dia 18 de janeiro. As pessoas enviam-me imensas mensagens pelas redes sociais ou pelo email do meu blogue a dizerem que já compraram ou que já experimentaram as receitas. Dizem inclusivamente que estão a seguir o plano semanal que tenho no livro, fazem-me perguntas e agradecem-me pela inspiração.

Porquê um livro agora?

Eu lancei o meu ‘plano do bem’ não por iniciativa própria, mas porque já há muito tempo que os meus seguidores me pediam receitas, me perguntavam o que é que eu tinha na minha dispensa, o que é que comia antes do treino, durante o treino, onde é que ia buscar tanta energia. Faziam-me tantas perguntas à volta deste meu estilo de vida, que cheguei a uma altura em que pensei: 'eu não consigo responder a tudo nas redes sociais, tenho de criar algo físico para as pessoas terem em casa'.

Faço tudo muito a olho, por isso, foi um desafio medir as quantidades nestas receitas

E porque não o lançou mais cedo?

Porque ainda não estava na fase em que tivesse tempo para me sentar e começar a pensar no livro. Reuni um conjunto de ingredientes, alimentos, especiarias, legumes e frutas que considero importantes e a partir disso criei algumas receitas. Agora, há uma particularidade: faço tudo muito a olho, por isso, foi um desafio medir as quantidades nestas receitas.

O que é que as suas receitas têm de especial?

Todas as receitas que estão ali foram pensadas com muito carinho e amor. Basicamente, abri a porta da minha casa às pessoas. Mostro a minha dispensa, tudo aquilo que eu costumo consumir, as minhas especiarias, os meus cereais, os meus superalimentos, falo da importância deles na minha vida.

Qual foi o seu grande objetivo aos escrever este livro?

Eu não criei este livro para ensinar nada a ninguém. Nem toda a gente gosta de aveia, de beterraba, de brócolos ou couve-flor. O que eu quero é que as pessoas percebam a importância que eles têm na minha vida e se as pessoas não gostam de beterraba, se calhar podem gostar de nabo ou de cenouras. Já disse que não sou personal trainer, chef de cozinha, nutricionista, etc. Eu sou a Isabel Silva, uma pessoa normal, com a sua profissão.

Basicamente, abri a porta da minha casa às pessoas

Algum alimento que não entre de todo na sua comida do bem?

Não entram carnes com gordura, porque realmente não gosto. Apesar de ser uma mulher do norte nunca gostei de entremeada, tripas… Gosto de carnes secas, sempre fui assim. Tenho preferência pelas carnes brancas, mas acima de tudo pelas leguminosas. Adoro também cereais, quinoa, sou viciada em arroz, massa, trigo sarraceno e depois em grão, feijão, lentilhas e ainda em brócolos, couve flor, espinafres... às vezes salivo a pensar nestes alimentos. Como beterrabas cruas como quem come uma maçã. O meu paladar está apurado para isso.

Alguma coisa a que não resista?

A minha perdição são os doces, sou muito ‘lambareira’. Gosto de um bom cheesecake, pastel de nata, bolo de coco, barras de cereais à base de cacau, arroz doce e papas de aveia...

A minha perdição são os doces, sou muito 'lambareira'

Como é que resiste aos ataques de gula quando não é suposto acontecerem?

Há momentos em que me apetece comer e cometo as minhas asneiras. O que eu faço é: no dia a seguir tento equilibrar. Bebo a minha água, vou ao ginásio, tento ser mais regrada e cortar nos hidratos de carbono. Na realidade tento escutar o meu corpo.

Há alguma coisa que lhe faça confusão nos hábitos alimentares das pessoas?

A mim nada me incomoda, cada um faz o que quer. A única coisa que me causa estranheza é: eu também gosto de cometer os meus deslizes, mas gosto de valorizar o pecado da gula, se o deixarmos de valorizar e comermos todos os dias, acabamos por comer só por comer. Se eu comer todos os dias um doce, para mim perde o valor. Já não quero saber daquilo, já como por comer. E eu não gosto de comer por comer. Se eu sei que amanhã há um aniversário e que vai ter lá o meu bolo preferido, hoje não vou estragar porque quero ter vontade de o comer amanhã. Faz-me confusão as pessoas que todos os dias comem gorduras ou doces. Não podem tirar o prazer que eu tiro. Se comer doces todos os dias o meu corpo já começa a rejeitar. Acima de tudo gosto de me sentir leve, de sentir que o meu corpo está desintoxicado.

'Quem corre por gosto não cansa'

Há quanto tempo corre?

Há dois anos.

Porquê o atletismo?

Eu adoro correr, sinto uma liberdade enorme quando corro. É uma lufada de ar fresco quando corro na rua. Adoro sentir a vitamina D, o sol. Corro sem música, gosto de ouvir tudo aquilo que se passa à minha volta. Participar em provas é incrível. A comunidade de corredores é muito especial, há um espírito de camaradagem. Somos todos irmãos naquele momento em que estamos a defender o nosso dorsal. Sou uma mulher claramente mais feliz e segura desde que comecei a correr.

Como é que se prepara para as provas?

Preparar-me para maratonas não é só no dia, correr para uma maratona é preparares-te três meses para uma prova. Tens de assumir um compromisso. E não é só a nível de treino e de descanso. Se eu sei que no sábado tenho um treino de 25 km às 07h00 da manhã, no dia anterior não vou sair à noite, nem jantar fora. Vou deitar-me cedo porque tenho de dormir. Eu até posso ir jantar fora e deitar-me às duas da manhã. Mas o que seria correr 30 km com seis horas de sono… não era rentável. Não é que eu não goste de sair à noite, mas se eu tiver de optar entre isso ou ver o dia a nascer fazendo uma corrida no Monsanto, Serra de Sintra ou ao pé do mar, eu prefiro isso. Gosto de celebrar o dia desta maneira, para mim não é um sacrifício.

Sou uma mulher claramente mais feliz e segura desde que comecei a correr

Porque é que considera o desporto tão importante?

Eu faço desporto por uma questão mental e não só física. Sou completamente viciada na libertação de endorfinas, que é a hormona do prazer. Eu tenho esse vício. Há pessoas que são viciadas no tabaco, outras no jogo, em sexo, e eu sou viciada nesta hormona do prazer que são as endorfinas. Eu tenho de as libertar. Acho que energia gera energia.

Sou completamente viciada na libertação de endorfinas, que é a hormona do prazer

E os dias em que não há vontade de sair da cama para ir treinar?

Quando isso acontece aí é que eu vou. Requer um grande amor. Por isso é que é importante tu gostares daquilo que fazes, porque se tu não gostares de correr e andares só por moda, um dia vais deixar de fazê-lo. Tens de perceber o que gostas de fazer. Acho que esse é o segredo.

Um estilo de vida 'hereditário' com amor à mistura

E a sua família como é que reagiu à novidade?

Para os meus pais não é novidade o meu estilo de vida. Aliás, eu cresci neste estilo de vida, os meus pais também tiveram uma alimentação saudável, sempre fizeram desporto, sempre me incutiram este espírito de aventura e de dinamismo. Esta vivacidade que eu tenho também se deve muito a eles e à forma como me educaram.

Estou sempre disponível para levar o meu amor às outras pessoas. Hei de levar um dia a um possível companheiro

Claro que ficaram muito felizes, mas na realidade têm uma coisa muito boa que é, eles gostam de mim todos os dias. Eles ficaram contentes, mas ao mesmo tempo percebem que isto é o prolongamento daquilo que eu sou, é o processo natural das coisas.

E no meio desta 'correria' toda, há tempo para o amor?

Claro! Sou uma pessoa que adora partilhar e estou sempre disponível para levar o meu amor às outras pessoas. Hei de levar um dia a um possível companheiro.

Que também tenha um estilo de vida saudável?

Eu não estou à procura de um homem que tenha um estilo de vida igual ao meu, estou à procura de um homem que desperte o melhor que há em mim. Não tem necessariamente de correr e fazer maratonas. Aliás, ele pode até nem olhar para o desporto como eu olho. Uma pessoa interessante para mim, não tem obrigatoriamente de ter o estilo de vida que eu tenho. Pode ter outro que a mim até me pode fascinar... eu gosto de desafios.

E depois disto?

Então o que guarda para o futuro?

Tanta coisa. Lancei agora um livro e um blogue que eram duas coisas que eu queria muito fazer porque eu gosto muito de produzir conteúdos. No meu blogue posso partilhar tudo aquilo que eu quiser, do jeito que quiser, de uma forma natural. E isso agrada-me. O livro é outro prolongamento, outra forma de comunicação. Acho que é importante nós saborearmos o momento e sinto que estou numa fase de muita adrenalina, muita azáfama. Neste momento eu quero curtir o meu blogue, o meu livro, ter tempo para estar com as pessoas que compraram o livro, promover eventos e corridas para poder estar com os meus seguidores. Depois disto tudo poderei pensar noutros projetos. Acho que cada coisa tem de ter o seu tempo.