"Tenho 82 e espero chegar pelo menos aos 92. Se não chegar, a única coisa que peço é não chorem, bebam um copo por mim, fumem um cigarro e aprendam a ser felizes porque ser feliz é que é muito importante", disse Simone de Oliveira a Cristina Ferreira, na manhã desta quarta-feira, 15 de julho, n'O Programa da Cristina', da SIC.

Depois de atuar, a artista esteve à conversa com a apresentadora e falou abertamente sobre o envelhecimento, destacando que já tem uma filha com 60 anos e um neto com 31.

E foi precisamente quando falou dos familiares que a cantora confessou o quanto lhe custou ficar longe dos entes queridos durante o confinamento por causa da pandemia da Covid-19.

“Fiquei completamente sozinha, com a ‘Mariazinha’ que é o meu alter ego. O único sonho que eu gostava era de ter uma varanda, que não tenho. Se eu tivesse uma varanda já era bom... Não foi fácil, não vamos agora por cor-de-rosa onde às vezes há cinzento. Tem sido difícil”, admitiu.

"Tento dar uma volta ao quarteirão", acrescentou, referindo o quanto é sossegada a zona onde reside. "Eu devo ter estado cerca de 70 dias em casa, sozinha, embora a minha filha e vários amigos me ligam todos os dias", disse.

“[Não sou nada de afetos, mas] senti mais a falta do abraço", afirmou, recordando em especial um abraço que recebeu de um dos netos. "Tenho uma grande saudade deles”, confessou, muito emocionada.

Mas não ficou por aqui e destacou: “As pessoas acham que eu não choro, que sou forte, que passo tudo, que não sinto solidão e às vezes não é bem verdade. Tem sido muito complicado, estes últimos meses, embora com a ajuda dos meus amigos e do meu filho que vai [lá a casa], mas não há abraços e beijos, mas falta-me o resto, falta-me um bocadinho o resto”.

"Sei que há pessoas que têm mais razões para terem mais saudades do que eu e mais aflições na vida. Nunca fui uma mulher rica, embora tenha fama de ser rica, o que é mentira, mas só queria que todos os meus colegas de todas as áreas tivessem a possibilidade de estar como eu estou. Sei que há colegas meus que estão a passar muito mal, de várias áreas", lamentou.

Simone de Oliveira aproveitou o momento para apelar a que o público comece a ver espetáculos, a ir ao teatro, com segurança.

"Lá vamos no domingo para o Tivoli, tentar, todos nós, começar a trabalhar devagarinho. Aquilo que queremos pedir às pessoas é que vão. Os teatro já só levam 50%, outros menos. Os teatro que não são subsidiados vivem do público. Eu há 62 anos que trabalho a recibos verdes. Eu nunca tive um mês de férias, não sei o que é. Ia ver os meus filhos à praia, que estavam com os meus pais, ia vê-lo e vinha embora. Comecei a trabalhar sem dias de folga. Trabalhei sempre muito", disse.

"Apareçam porque nós precisamos do público. Claro que precisamos do dinheiro, mas também precisamos das palmas, do carinho, e eu tenho a impressão que se não tivesse tido esse carinho ao longo da minha vida toda não tinha chegado aqui", continuou.

Veja a conversa completa aqui.

Leia Também: "Eu no famoso cartão jovem, em 1991". Cristina Ferreira mostra 'pérolas'