O que podemos esperar do espectáculo que estreia amanhã e que vai manter no Villaret até 30 de Janeiro?
É uma viagem pelos meus 30 anos de carreira. Tem vários ‘sketches' que gostei de fazer e que resultaram sempre. Porquê buscar coisas novas para assinalar esta data se tenho muita coisa que agradou e que deixou saudades ao público?
Resuma numa frase os seus 30 anos de carreira?
São 30 anos de muito trabalho, de muita sorte e de muita aprendizagem.
Tudo somado, temos aqui um grande actor...
Não sei se serei um bom actor. Sou um actor popular, nunca fui homem de fazer grandes personagens. Sempre segui o caminho para a popularidade, de estar perto do público. Foi isso que escolhi e há 30 anos que ando cá. Portanto, foi uma boa aposta.
Quem é o responsável pela sua entrada no mundo do espectáculo?
O meu pai, que também era actor. Morreu há 30 anos e, por coincidência, eu faço agora os mesmos anos de carreira. Estreei-me seis meses depois de ele falecer. Eu e os meus irmãos fomos habituados a ir ao domingo ver os espectáculos e as revistas dele. Não íamos para a plateia porque era proibido, por isso assistíamos nos bastidores. Hoje, trazem crianças de colo para a Revista e até já vi, num espectáculo meu, uma senhora estar a dar de mamar à criança... Meu pai é que é o grande responsável por eu estar aqui. Entro no teatro por cunha, por ser filho do Vítor Mendes, e não por ser o Fernando Mendes. Felizmente, mais tarde, isso mudou.
Na RTP, o Fernando apresenta o "Preço Certo" há 8 anos, com grande sucesso. Qual é o segredo?
É um fenómeno. Nunca na vida pensei apresentar um programa e digo sempre que não sou, nem quero ser apresentador. Moldei o programa à minha maneira. O segredo do sucesso é ser eu próprio. Não estou ali a inventar. Às vezes tenho graça, outras vezes nem por isso, mas rio-me na mesma. A equipa é fantástica e as miúdas, além de serem giras, são simpáticas. Portanto, as audiências é que mandam e parece que o programa está para durar.
Quais as pessoas mais importantes que se cruzaram consigo ao longo destes anos de trabalho?
O Ministro das Finanças não foi ! (risos). Tenho muitos amigos com quem trabalhei: a Rosa do Canto, o Nicolau Breyner, o José Raposo... Todos foram importantes e, por isso, não gosto de deixar ninguém de fora.
Não faz novelas porquê?
Fiz algumas e mal feitas. Nunca mais surgiram convites até porque era o primeiro a dizer que não gostava e que não tinha jeito. A única que eu fiz mais ou menos bem feita foi a "Cinzas", na RTP, porque tinha o Nicolau Breyner ao meu lado. O Nicolau é um extraordinário actor e nessa altura, às vezes sem dizer nada, dava-me a entender como é que as coisas se faziam.
Se o convidassem para fazer uma novela agora, aceitava?
Não. Só se fosse para fazer de morto (risos).
Há alguém com quem gostasse de trabalhar nestes novos tempos?
Com esta malta nova, que tem um humor diferente daquele que aprendi. Há grandes actores/ humoristas hoje em dia. Gostava de trabalhar com o Bruno Nogueira.
Como é a sua rotina?
Agora é diferente. Voltei aos ginásios e retomei as dietas com o meu querido dr. Póvoas. Três vezes por semana levanto-me às 11 horas da manhã - antes levantava-me às duas da tarde. Vou ao ginásio, ao almoço como uma salada de atum ou de salmão, depois dá-me o sono, mas não durmo. Três vezes por semana vou gravar o programa da RTP e tento estar o máximo de tempo com os meus filhos. O jantar também é de dieta, mas tenho que estar com um grupo de amigos para me sentir bem.
E nos tempos livres?
Estou com os meus filhos, embora estejam os dois numa fase complicada. A Nádia tem 24 anos e já trabalha, o Vítor tem 18, está na Faculdade e já namora. Temos uma relação óptima, apesar de não viverem comigo. São de mães diferentes, nasceram os dois no mesmo dia, à mesma hora com seis anos de diferença. Sou um campeão! (risos).
Como é que as pessoas vêem o Fernando Mendes?
Com os olhos! (risos). Adoram-me porque sou uma pessoa simpática e popular, por isso abordam-me na rua com carinho.
O que é que o público não sabe sobre si?
Não sou de expor a minha vida. Os jornalistas têm esse defeito ou essa virtude, mas eu até deixei de ir ao Algarve no Verão porque andam lá os paparazzi. ‘Foi ao banho, saiu do banho, deitou-se na toalha e comeu com a boca aberta'...é só isto! Uma vez estava no Algarve e fui fotografado a sair de um restaurante com a mão na barriga. A notícia era ‘Fernando Mendes vem de papo cheio'. Na verdade vinha com a mão na barriga porque tinha uma grande nódoa de azeite na camisa. Coitado do Ronaldo... Tem muito dinheiro mas não pode dar um passo.
Qual o segredo da sua "boa forma"?
Física ou mental? (risos). Alegria no trabalho. Em miúdo jogava muito futebol, partia os vidros dos vizinhos, e isso ajudou-me. Fiz desporto durante muito tempo e depois fiz uma pausa e engordei bastante. Mas hoje tenho imensa genica em cima do palco.
Qual a sua melhor receita?
Não tenho jeito nenhum para cozinhar. Noutro dia aqueci sopa e correu mal. Pus a panela a ferver no máximo, fui ao quarto e quando cheguei tinha sopa espalhada pela cozinha, no frigorífico, nas janelas, no chão...
Qual foi a pergunta que nunca lhe foi feita?
Nunca me perguntaram se eu queria fazer um filme pornográfico... (risos).
Qual a pior coisa que já disseram sobre si?
Foi uma senhora na plateia que disse ‘você não tem graça nenhuma' e foi-se embora.
Em tempo de crise qual a receita que deixa aos portugueses?
Venham ao teatro e tentem rir um bocadinho. Talvez assim consigam esquecer os maus momentos da vida.