Foi o oitavo filho de Joseph Walter Jackson e de Katherine Esther Jackson, um casal de Gary, no Indiana, nos EUA, que tinha na música a sua paixão maior. Na década de 1960, o patriarca da família, que morreu no passado dia 27 de junho, pegou nos filhos do sexo masculino e criou uma banda que viria a fazer furor pouco depois, os Jackson 5. O benjamim do grupo, na altura com seis anos, rapidamente se tornaria no mais famoso.

Excêntrico e polémico, Michael Jackson, um camaleão como pode ver de seguida, foi idolatrado por milhões, primeiro com os irmãos na infância que nunca teve e, depois, a solo, numa carreira que o levou aos quatro cantos do mundo. Entre 1964 e 2009, vendeu 750 milhões de discos e faturou 750 milhões de dólares, cerca de 640 milhões de euros. Só em direitos de autor, estima-se que tenha ganho 255 milhões de euros.

Se fosse vivo, o eterno rei da pop, faria hoje 60 anos. Morreu a pouco mais de dois meses de completar 51, a 25 de junho de 2009, na sequência de uma intoxicação causada pela ingestão excessiva de dois fármacos, propofol e benzodiazepina. O médico que lhos forneceu, Conrad Murray, chegaria a ser acusado de homicídio involuntário. Foi condenado a quatro anos de prisão em 2011 mas a sentença seria, mais tarde, revogada.

A vida de excessos de Mickael Jackson

Em criança, foi testemunha de Jeová. Por imposição da mãe, mas contra a vontade do pai, mais conhecido como Joe Jackson, ele e os irmãos foram obrigados a andar de porta em porta a evangelizar a comunidade local. Em casa, as regras eram rígidas. Quando o progenitor trabalhava até tarde, as crianças eram mantidas trancadas na habitação, não podendo ir brincar com os vizinhos. Mais tarde, tinham de passar horas a ensaiar.

Anos difíceis que marcariam, para sempre, a vida do cantor, bailarino, compositor e produtor musical. "Antes de me julgarem, tentem amar-me [e perceber] a dolorosa juventude que tive", cantaria mais tarde em "Childhood", em 1995. Mas, para quem passava a vida a vê-lo nos tabloides por causa de viver com um chipanzé, de dormir numa câmara de oxigénio e de ser viciado em operações plásticas, nem sempre foi fácil.

O mais poderoso da indústria discográfica

À medida que vai lançando discos, vai acumulando êxitos e prémios. Depois de "Thriller", passa a ser o mais poderoso da indústria discográfica norte-americana, ganhando dois dólares, cerca de 1,70 cêntimos, por cada álbum que sai das discotecas. Mas, longe dos holofotes, o cantor sofre. Em 1984, uma explosão num concerto queima-lhe parte do couro cabeludo. Nesse mesmo ano, é-lhe diagnosticado vitiligo e, mais tarde, lúpus.

Muito sensível à luz do sol, Michael Jackson, que já vive uma vida de reclusão, isola-se ainda mais. Em 1988, há precisamente 30 anos, investe 17 milhões de dólares, mais de 14,5 milhões de euros, no Neverland Ranch, a excêntrica propriedade que cria à sua semelhança, com carrosséis, um cinema e até um jardim zoológico. É lá que, alegadamente, abusa sexualmente de um rapaz de 13 anos, Jordan Chandler.

As lutas dos últimos anos

Um gravação em que o pai, Evan Chandler, dentista, afirma que vai  "lucrar muito" com a situação gera dúvidas. Estará Michael Jackson a ser vítima de extorsão? As opiniões dividem-se! A investigação das autoridades policiais é inconclusiva mas a imagem pública do cantor fica irreversivelmente comprometida. Em 1994, casa com Lisa Marie Presley, filha de Elvis Presley, no que é visto como uma manobra de marketing.

Do casamento secreto na República Dominicana até ao divórcio público nos EUA, passam menos de dois anos. No entretanto, o cantor volta aos discos de êxito mas o sucesso nunca mais será o mesmo. Em 2002, a editora recusa-se a renovar-lhe o contrato. Em março de 2009, anuncia o regresso aos palcos com o espetáculo "This is it". A reação do público é entusiástica mas o cantor morre três meses depois, ainda antes da estreia.