Elsa Raposo abriu o coração esta quinta-feira, 16 de março, numa conversa com Júlia Pinheiro onde fez revelações duras, as quais mantinha em 'segredo' até então. A antiga apresentadora de televisão contou que foi vítima de abusos sexuais na infância, sendo que a primeira situação aconteceu quando tinha seis anos, repetindo-se mais tarde aos 12 anos.

"Quando tinha seis anos fui molestada sexualmente", começa por referir, notando que a pessoa que o fez foi logo 'apanhada' pelos pais que, apesar de a terem tentado proteger levando-a à escola, acabaram por falhar "dentro de casa".

Mais tarde, aos 12 anos, Elsa voltou a passar pelo mesmo. "É muito fácil quando um violador sabe onde é que está a presa e foi uma pessoa de família, um primo da minha mãe, que aos 12 anos, sabendo da história que estava para trás, abusou de mim durante mais seis anos da minha vida", conta.

"Foi muito complicado. Detestava estudar porque não tinha concentração e era forçada. Para mim tudo foi dez vezes mais difícil por causa disso", confessou, notando que na época não recebeu a ajuda e o amor de que precisava.

A convidada, de 58 anos, manteve o que se passou em segredo até chegar aos 40 anos. "Os meus filhos sabem, outras pessoas da família que não sabem vão ficar a saber. Os meus pais não souberam entender a minha dor. As coisas começaram a acontecer dentro de casa e ninguém se apercebia do que estava a acontecer. O meu foco no trabalho era a fuga disso tudo", reflete.

O alegado abusador, conforme Elsa notou, "morreu há meses". "Não senti nada porque tenho feito um trabalho de psiquiatria há muitos anos por causa disto e é um processo que me vai acompanhar até ao resto da minha vida. Fui capaz de perdoar".

"Encontrei-me com ele uma vez, já tinha os meus primeiros filhos. Ele tinha perdido dois bebés, infelizmente. Disse-lhe: 'Deus não te vai dar essa oportunidade por tudo aquilo que me fizeste'. Acredito muito que todos estamos ligados", considera.

Por fim, deixa uma mensagem a todas as vítimas que estejam a passar pela mesma coisa. "Deem o vosso grito, falem com alguém, com a professora, alertem a vossa situação, porque vão perder um grande pedaço da vossa vida".

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Se estiver a sofrer com alguma doença mental, tiver pensamentos auto-destrutivos ou simplesmente necessitar de falar com alguém, deverá consultar um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral. Poderá ainda contactar uma destas entidades:

SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159

SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707

Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535