No verão de 2020, Cristina Ferreira deu que falar ao tomar uma polémica decisão: após dois anos na SIC, onde apresentava um programa líder de audiências e conquistava o público, decidiu regressar à TVI, desta vez como acionista da casa e diretora de entretenimento e ficção do canal que a viu crescer.

Este foi um dos assuntos abordados pela apresentadora numa conversa com Carolina Deslandes no podcast 'A Duas Vozes'.

"A minha mudança da SIC para a TVI foi tão avassaladora", refletiu a comunicadora.

"Há uma coisa muito difícil de entender que é: 'porra, está tudo bem. Ela ganha bem, está num programa de sonho, o programa é líder destacado todos os dias, sempre a vimos em felicidade, porque é que ela quer mudar? Estava feito'", lembra, notando que a sua decisão foi incompreendida por muitas pessoas.

Entretanto, questiona: "Posso mudar? Porque deste lado [TVI] estavam-me a desafiar para outra coisa maior ainda. Estavam-me a dar a possibilidade de eu até comprar um pedacinho da casa onde tinha começado".

"Nós gostamos muito de implicar com as escolhas dos outros. 'Ah, mas a Cristina tinha um contrato'. Tinha. Mas nós não somos escravos. Os contratos são para se cumprir e depois têm as cláusulas, que é quando achamos que já não estamos ali bem e, por isso mesmo, temos de quebrar o contrato. É só isso", defende ainda, referindo-se ao término repentino do contrato com a SIC que a levou a tribunal.

"As pessoas têm algum medo do sucesso e têm alguma dificuldade de aceitar esta liberdade. Eu percebo que há pessoas que não tenham esta capacidade de mudar, tenham muitos medos. Que fiquem uma vida inteira num só emprego, num só casamento, num só local. [...] Não podes ser tão corajosa, não podes ter tanta vontade de mudança, não podes ir à procura de mais quando tu já tens tudo", continua.

Na visão de Cristina, as pessoas aceitaram o seu crescimento até um certo ponto. Porém, quando continuou a sonhar e se tornou mais ambiciosa, começou a ficar 'mal vista'. "Não podes é chegar mais para lá. Quando já é demasiado, [...] aí já não aceitam. Aí já é enervante. Só quero que entendam que eu vim ali do nada e cheguei onde estou só porque trabalhei muito para isso. [...] Convém dizer 'deve-se ter deitado com alguém' ou 'deve ter tido uma cunha qualquer'. Não, não foi. Foi mesmo porque trabalhei para isto e consegui conquistar sozinha", completa.

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