A cantora e atriz portuguesa Lio acusou Serge Gainsbourg de assédio sexual. Durante uma entrevista radiofónica à Arte Radio, Vanda Maria de Vasconcelos, conhecida artisticamente como Lio, que na década de 1980 teve vários êxitos musicais em França, na Bélgica, no Luxemburgo e na Suíça, incriminou publicamente o artista francês, falecido em 1991. "Ele era um assediador", garante a artista de 58 anos nascida em Mangualde, que emigrou para a Bélgica com a mãe e a irmã ainda em criança.

"Não era nada correto com as raparigas. Ele é, de certa forma, o [Harvey] Weinstein [produtor norte-americano acusado de assediar e de abusar sexualmente de dezenas de atrizes] da canção", acusa a intérprete de "Les brunes comptent pas pour des prunes". "O Gainsbourg converteu-se num aristocrata da canção francesa mas eu não vou estar aqui a elogiá-lo", afirma a portuguesa, que garante ter sido vítima dos avanços sexuais do pai da atriz e cantora Charlotte Gainsbourg, uma das paixões da artista Jane Birkin.

25 celebridades que ainda não tinham nascido há 25 anos
25 celebridades que ainda não tinham nascido há 25 anos
Ver artigo

"Eu vivi de perto os comportamentos mais do que especiais que ele tinha com as mulheres mais jovens", assegura Lio. "Na altura, achava muito interessante o que ele escrevia para cantoras como a Zizi Jeanmaire, a France Gall e a Jane Birkin", admite, contudo, a voz de "Banana split". "Eu sempre soube que essa canção falava de sexo. Mas, contrariamente ao Gainsbourg, o Jacques Duval [o letrista da canção] nunca gozou comigo. Eu sabia perfeitamente o que é que estava a cantar", afirma. France Gall, que interpretou "Les sucettes", tema que falava de chupas, não teve a mesma sorte.

"Ela foi abusada pelos adultos sem qualquer tipo de respeito e isso é uma violação. Foi assim que ela se sentiu quando se apercebeu [do conteúdo sexual da letra] e é legítimo que assim fosse. O que é inaceitável foi a forma como os profissionais do setor gozaram com ela", condena a artista portuguesa. "Ele foi um porco comigo", desabafou France Gall, que se refugiou em casa e chegou a ponderar desistir da carreira, numa entrevista que deu ao jornal Le Parisien em 2015, três anos antes de morrer de cancro.