O cortejo com o carro funerário que transportou o caixão atravessou parte da cidade até ao Palácio de Holyroodhouse, residência oficial do monarca na Escócia, onde o corpo ficará esta noite.
O caixão, coberto com o estandarte real da Escócia e uma coroa de flores colhidas na propriedade de Balmoral, foi acompanhado pela princesa Ana e o marido, Tim Lawrence.
Algumas pessoas começaram a chegar logo pela manhã ao centro de Edimburgo para assegurar um lugar junto às grades de proteção das estradas, antecipando as multidões nos passeios estreitos nesta zona antiga da cidade.
Foi o caso de Carl McGuire, que viajou cerca de uma hora desde Coldingham e se instalou às 8h00 numa cadeira de campismo, pronto para uma longa espera.
"Vim dizer adeus. Ela foi alguém muito dedicado e determinado, que fez muito pelo país", disse à Agência Lusa.
Para este inglês que vive na Escócia há muitos anos, Carlos III "vai ser um bom rei porque aprendeu com a melhor professora".
Ao lado, Margaret Newton, de 83 anos, que sofre de problemas de mobilidade, está sentada numa cadeira de rodas, com as pernas tapadas por um cobertor.
Viajou hoje três horas desde Inverness, 180 quilómetros a norte de Edimburgo, com a filha, genro, duas netas e os respetivos cães.
"Estava na escola quando ela [Isabel II] foi feita rainha, por isso fez sempre parte da minha vida. E fui a uma festa de jardim no Palácio de Buckingham. Ela viu os nossos 'kilts' e disse: 'Já sei de onde vêm!", recordou.
Para a filha Rosalyn, a morte ter ocorrido em Balmoral deu oportunidade aos escoceses de dizerem adeus à rainha, que passava todos os verões em Balmoral.
"Ela representa a tradição, a nossa história", resume.
Para a ocasião, muitas pessoas vestiram-se de luto e nas mãos seguravam ramos de flores ou 'selfie sticks', os extensores para tirarem fotografias com os telemóveis e registarem o momento.
À passagem do caixão, as multidões apertaram-se, as pessoas colocaram-se em bicos de pés ou subiram a degraus e muros, as crianças foram içadas para os ombros dos pais.
Entre aplausos, Dee Matthews conseguiu tirar uma fotografia com o telemóvel, após esperar três horas com o marido David.
"Foi tudo tão rápido! Mas valeu a pena, queria prestar a minha homenagem", disse à Lusa.
David contou que o casal reside em Southampton, no sul de Inglaterra mas está em Edimburgo para celebrar o aniversário de casamento, e quis presenciar este "momento histórico".
O carro funerário com o caixão saiu do Castelo de Balmoral pelas 10:00 e fez cerca de 165 quilómetros, atravessando as montanhas escocesas e com paragens em Aberdeen e Dundee.
Nas aldeias e vilas ao longo do percurso, que durou quase seis horas, milhares de pessoas alinharam-se junto às estradas para saudar o cortejo.
A passagem do corpo por Edimburgo resulta de Isabel II ter morrido em Balmoral, propriedade nas montanhas escocesas, onde a monarca passava tradicionalmente os verões.
Antes de seguir viagem de avião para Londres, onde será realizado o funeral de Estado na Abadia de Westminster, o caixão ficará uma noite na Catedral de Santo Egídio durante 24 horas para permitir que o público possa mostrar respeito.
O Rei Carlos III está previsto chegar a Edimburgo na segunda-feira à tarde com a rainha consorte, Camilla, para acompanhar a procissão do caixão até à catedral e assistir à missa que se vai seguir.
O caixão será transportado para Londres por avião na terça-feira, primeiro para o Palácio de Buckingham, e na quarta-feira à tarde para o Palácio de Westminster, o edifício do parlamento.
A rainha ficará em câmara ardente no Salão de Westminster, que estará aberto à população até segunda-feira de manhã.
O funeral de Estado terá lugar na segunda-feira 19 de setembro, que foi declarado feriado nacional no Reino Unido.
A Rainha Isabel II morreu a 08 de setembro aos 96 anos no Castelo de Balmoral, na Escócia, após mais de 70 anos do mais longo reinado da história do Reino Unido.
Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926, em Londres, e tornou-se Rainha de Inglaterra em 1952, aos 25 anos, na sequência da morte do pai, George VI, que passou a reinar quando o seu irmão abdicou.
Após a morte da monarca, o seu filho primogénito assumiu aos 73 anos as funções de rei como Carlos III.
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