Após seis meses de itinerância pelo país, a exposição “Guerreiras de Portugal” da apresentadora Adelaide Sousa e do marido, o fotógrafo Tracy Richardson, regressou a Lisboa e pode ser vista até 10 de julho no espaço da Fundação PT, na Rua Andrade Corvo. Através de 12 fotografias, e ainda de um livro e de uma página no Facebook, os autores pretendem mostrar que “ainda há muita vida depois do cancro”, como nos explica Adelaide Sousa nesta entrevista.

Que mensagem pretendem transmitir com o projeto “Guerreiras de Portugal”?

O cancro é um problema que assusta muito e queremos trazer o assunto a público com frequência, para que se torne uma palavra do léxico comum. Através destes rostos e destas histórias, que são tão diferentes de mulher para mulher, queremos mostrar que pode haver ainda muita vida depois do cancro.

Que tipo de público tem visitado a vossa exposição fotográfica?

É maioritariamente feminino, porque o título apela a isso, mas também temos tido a visita de muitos homens que se sentem, de alguma forma, encorajados, porque eles também sofrem muito neste processo com as suas mulheres, namoradas, mães, filhas… Temos tido um “feedback” muito positivo dos mais variados sítios por onde temos passado. Não são apenas imagens, temos também textos com testemunhos e as pessoas acabam por concluir que, afinal, todos podemos ser guerreiros. Como costumamos dizer, este projeto é uma chamada às armas e uma tentativa de reunir a tropa para não desistirmos perante as dificuldades, especificamente, perante o cancro.

O que poderemos encontrar nesta mostra?

Rostos de pessoas que superaram umas das maiores dificuldades da sua vida. Pessoas que choraram, que tiveram momentos muito escuros, muito baixos mas que - perseverando e rodeando-se das pessoas que as puderam ajudar neste caminho, umas com muita fé, outras sem vocação religiosa - mostram como é possível agarrarmos num evento traumático e doloroso e transformá-lo numa nova oportunidade de vida. Quem as vê e quem as lê sente-se fatalmente encorajado. É impossível não nos sentirmos encorajados com estas histórias.

Em “Guerreiras de Portugal”, as palavras são suas e as imagens de Tracy Richardson?

A autoria do projeto é toda do Tracy e eu fiz a recolha dos testemunhos. Todas as imagens foram captadas por ele, que conseguiu estabelecer toda uma relação de cumplicidade com estas mulheres, sendo que algumas delas nunca tinham sido fotografadas profissionalmente, o que, só por si, é já uma situação intimidante. Mas o Tracy conseguiu estabelecer uma empatia que as deixou tão à vontade que quem vem ver a exposição diz-nos, muitas vezes, que percebe a alma das pessoas através das caras. São rostos onde se percebe que “sofri, que há coisas que ainda estão doridas, mas que aprendi coisas que nunca poderia ter aprendido de outra maneira”.

(Veja as fotos da inauguração da exposição no espaço da Fundação PT)