O rei Carlos III encerra esta sexta-feira no País de Gales uma viagem nacional depois de ascender ao trono, enquanto o acesso à fila de vários quilómetros para ver o caixão da sua falecida mãe foi suspensa por atingir a capacidade máxima. Milhares de pessoas já prestaram homenagem à falecida rainha desde quarta-feira à tarde, quando o salão foi aberto no Palácio de Westminster.

Uma hora antes da suspensão, o governo informou no Twitter que o tempo de espera na fila era de 14 horas.

A morte da monarca aos 96 anos, há apenas uma semana, encerrou o reinado mais longo da história do Reino Unido - 70 anos -, e a sua vida merece "uma homenagem apropriada", explicou Edward Fitzalan-Howard, duque de Norfolk, a pessoa que prepara o funeral há duas décadas. "O respeito, a admiração e o carinho que se professaram pela rainha fazem da nossa tarefa (...) uma honra e uma grande responsabilidade", acrescentou em reunião com a imprensa.

Será sepultada na segunda-feira à 19h30 numa cerimónia privada na capela familiar da igreja de Saint George, no castelo de Windsor, após o funeral de Estado durante a manhã em Londres.

Três dias antes, esta sexta-feira, também às 19h30 locais, os seus filhos, liderados pelo primogénito, o rei Carlos III, participarão na cerimónia que é conhecida como "vigília dos príncipes".

A rainha descansará nesta capela com o seu pai George VI, o seu marido Filipe de Edimburgo, a sua mãe Isabel e a sua irmã Margaret.

Mais de 100 chefes de Estado e de Governo e outras personalidades devem comparecer ao "funeral do século", como o presidente americano, Joe Biden, o brasileiro Jair Bolsonaro, o rei da Espanha, Felipe VI, e o imperador do Japão, Naruhito.

Após o serviço religioso, o caixão de Isabel II percorrerá as ruas de Londres num cortejo fúnebre que terminará no Wellington Arch, no Hyde Park, de onde partirá para Windsor.

Quinze por cento dos voos que saem ou chegam de Heathrow, cerca de 150, sofrerão alterações para não perturbar os momentos mais solenes da despedida, como os dois minutos de silêncio, anunciou o principal aeroporto de Londres.

Sobre a participação da família real nos diversos ritos de luto, o príncipe William, herdeiro da coroa, comentou que seguir o caixão da sua avó na quarta-feira pelas ruas de Londres despertou nele memórias más de quando era adolescente e teve que fazer o mesmo na ocasião da morte da sua mãe, a princesa Diana.

"Fazer a caminhada ontem foi difícil. Trouxe de volta algumas memórias", afirmou William, de 40 anos, a um grupo de cidadãos, como pode se ouvir em imagens transmitidas pela Sky News.

"Incrivelmente emocionante"

O caixão com o corpo da monarca está desde quarta-feira no Westminster Hall, a área mais antiga do Parlamento, uma sala majestosa do século XI que é o berço institucional do Reino Unido.

Milhares de pessoas passaram, emocionadas, por Isabel II, após cerca de oito horas esperando numa fila que à tarde superava os oito quilómetros.

O caixão está coberto com o brasão real, a coroa imperial e o seu cetro, com velas em cada canto. Um grupo de guardas que usa uniformes cerimoniais permanece posicionado ao redor - um deles chegou a desmaiar na noite passada.

A londrina Rupa Jones, de 43 anos, esperou sete horas com a sua tia para ver o caixão da rainha e contou à AFP que a experiência foi "arrebatadora".

Harvey, de 50 anos, descreveu como uma experiência "incrivelmente emocionante" passar diante da rainha. Ele disse que muitas pessoas choravam, "mas em silêncio total".

O uso de telemóveis é proibido no local.