Foi em conversa com Júlia Pinheiro que Paula Neves recordou a fase difícil que viveu ainda na adolescência, quando os pais se separaram e viveu também um namoro marcado pela "violência".

"Fico com a minha mãe e aí começa um período complicado porque a relação sem o elemento do meu pai tornou-se muito diferente, e a minha mãe estava num processo de sofrimento", lembrou no programa 'Júlia', da SIC, falando do fim do casamento dos pais e depois da relação "abusiva" que viveu também nessa altura.

"Foi a minha primeira relação", recordou ao falar do referido namoro, que durou seis meses. "Tinha 13 anos quando começamos o namoro, ele tinha 18. A violência aconteceu no fim do namoro. Eu tinha 14 e ele 19, que é quando eu termino", contou.

"Nunca, por nenhum momento, confundi violência com amor. Nunca! Quis terminar o namoro e ele achou que a maneira de me convencer era através da violência e da obrigação, e eu não permiti", realçou. "Portanto, estive seis meses a levar tareia com ele a achar que era assim que me convencia a estarmos juntos", acrescentou.

"Ele andava de mota, nem sequer era da minha escola, tinha muita autonomia, e eu andava a pé. Ele entrava pela escola a dentro, fazia-me esperas à porta, apanhava-me a meio do caminho", relatou.

"Foram meses em que senti medo. Foi a única vez na minha vida em que senti medo. Sentir medo é uma coisa muito estranha, é um sentimento muito, muito fora, que acho que o comum dos mortais não tem acesso a ele e ainda bem, porque sentir medo é horrível", desabafou.

"Ainda por cima aquilo acontece numa altura em que estou a querer provar aos meus pais a minha grande independência, a minha autonomia e capacidade para lidar sozinha com a vida. E o primeiro impacto que tenho é isto. Vou dizer aos meus pais? Não vou", explicou, lembrando que apenas disse aos pais quando percebeu que "não conseguia resolver sozinha".

"A coisa estava a escalar muito em violência profunda. E eu percebi [que] a qualquer dia ia morrer", confessou. "E quando eu lhes disse [aos pais], a situação parou. Até hoje, não sei o que é que eles fizeram, mas sei que resolveram", disse.

A primeira pessoa a quem contou foi à mãe que, diz, "também sentiu medo e fechava-a em casa para garantir a sua segurança". Depois falaram com o pai e foi nessa altura que o rapaz "desapareceu" da sua vida.

"Tive [durante] anos pesadelos constantes em que tinha de me defender e os meus murros saíam como se estivesse debaixo de água. Não tinha força para me defender. E deixou-me com um sexto sentido para homens violentos, para pessoas violentas. Tenho facilidade em perceber sinais e percebi exatamente o que não quero para a minha vida", partilhou ainda.

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