A Associação SORRIR tem como missão promover e salientar a importância de sorrir para a saúde, não pela ausência de doença, mas enquanto bem-estar físico, mental e emocional.

O movimento O MAIOR SORRISO DO MUNDO nasce em 2013 para reforçar esta mensagem e representa alegria, amor, saúde e bem-estar.

Figuras públicas e empreendedores aderiram à causa e partilharam os seus testemunhos. Conheça a história de Eduarda Abbondanza.

O que é que a faz sorrir?

Eduarda Abbondanza: Malandrices (risos). Muitas coisas. Alegrias. Pessoas que são inteligentes e que através da conversa se pode chegar a situações de graça muito eloquentes. Faz-me sorrir o facto de estar viva. Faz-me sorrir o facto de eu saber que sorrir faz bem à saúde, os amigos, ter trabalho.

Aquilo que a faz sorrir é o mesmo que a faz feliz?

Eduarda Abbondanza: O sorriso é uma reação ou uma atitude. A felicidade não é uma reacção, é um estado de espírito. Ao observar a minha vida, saltitei sempre entre momentos caóticos e apoteóticos. Tenho vivido a vida intensamente e a procura de uma estabilidade emocional ocorre tardiamente. Neste momento valorizo claramente a felicidade em detrimento da experiência.

O que é que a faz feliz?

Eduarda Abbondanza: O meu bem-estar. A minha filha Sofia. A família e os amigos. O meu trabalho. Viajar. Tomar banho no mar. Pequenos grandes prazeres da vida... O equilíbrio, porque é a base para procurar a felicidade num estado mais amplo. Tem muito a ver com o amor, não tanto a ver com bens materiais.

Já passou por muitas adversidades.

Eduarda Abbondanza: Já passei por muitas adversidades e por muitos momentos de grande alegria e felicidade. A maior parte das adversidades remetem para situações de doença. E na primeira infância, de interação social. Fiquei gravemente doente por três vezes ao logo da vida. A última vez muito recentemente, e desta vez constatei que adoecer na atual fase que a sociedade portuguesa atravessa torna tudo mais difícil. Os profissionais que nos acompanham estão mais cansados e stressados e isso reflecte-se a vários níveis.
Eu imagino que todos os portugueses que passem por processos de doença complexa e grave, neste momento, não é de todo o melhor contexto para eles. Portanto, adoecer em Portugal agora não é o mesmo que adoecer há 10 anos. As pessoas têm de travar batalhas adicionais, para além da batalha da sua própria vida. O que acrescenta a isso o facto de ter mesmo de se esforçar para acreditar, sorrir, estar concentrada em si, de forma atenta e não se despistar nesse caminho. Para mim foi importante ter as pessoas fundamentais e necessárias junto a mim. E fundamentalmente encontrar a equipa clínica certa.
Tive muita sorte também! Fui aprendendo e trata-se da luta pela sobrevivência, aquela velha frase: “fecha-se uma porta, abre-se uma janela”. Era instintivo, qualquer coisa que acontecia de mal, eu olhava imediatamente para o outro lado e pensava “onde está a janela que se vai abrir?”. Isso funcionou para que não entrasse em depressão e tive os meus poucos e preciosos amigos e também a minha irmã sempre ao meu lado.

O sorriso foi uma terapia?

Eduarda Abbondanza: Foi com certeza. O sorriso, o riso e o choro também. Significa que estamos vivos. Tive períodos em que simplesmente não sorria, e esses são preocupantes.
Não é fácil. Há pessoas que pensam que nunca lhes acontece nada e há pessoas que pensam que tudo de mau lhes acontece, o que também não é verdade. Acontecem situações más a toda a gente em segundos e quando nós menos esperamos, isso cria raiva, fúria, um sentimento de injustiça, mas não há maneira de vencer as situações se não as enfrentarmos. Ninguém quer ter doenças, quando acontece é duro, mas se não formos à luta ninguém vai por nós.