Em 1996, a vinda de Claudia Schiffer à eterna cidade invicta para desfilar no Portugal Fashion deixou o norte do país em alvoroço. Mas, no dia a seguir, o que era notícia era o incêndio que, nas primeiras horas a seguir à passagem de modelos, destruiu completamente a caixa de palco na sala principal e os camarins do Coliseu do Porto, onde decorreu o evento. Mais de 20 anos depois, a história é, hoje, recordada numa das paredes do Porto Coliseum Hotel.
Em 2015, o espaço deste edifício vanguardista, classificado Monumento de Interesse Público, que durante cerca de quatro décadas foi ocupado pela Residencial O Escondidinho, foi convertido num hotel de charme. No rés do chão, funciona a receção e, nos restantes cinco andares, foram construídos 25 quartos e suites temáticos. São cinco por piso e cada um deles é dedicado a uma das artes do espetáculo.
Além da música e do teatro, há habitações que homenageiam o cinema, o bailado e o circo, tudo artes que ao longo dos anos foram passando pelo palco daquela que continua a ser uma das mais conceituadas salas da cidade. No quarto 505, onde pernoitámos, uma das paredes é totalmente ocupada por uma cena da peça teatral «Tribos» que o conceituado ator brasileiro António Fagundes representou ali mesmo ao lado. E é também ele que surge no quadro pendurado sobre a cabeceira da cama.
Pormenores distintivos que cativam e seduzem
Mas as viagens pelas memórias de outros tempos não se ficam por aqui. O logotipo do Porto Coliseum Hotel, localizado no número 135 da Rua Passos Manuel, é inspirado nos bilhetes que eram vendidos na bilheteira e, em cada piso, junto aos elevadores, para cada uma das artes, são exibidas informações relevantes sobre as performances mais marcantes naquele palco, com fotografias a preto e branco, como se estivéssemos num museu.
Além de ver o cartaz original da ópera «Carmen» de Bizet, ficamos a saber que o filme «West Side Story» foi lá exibido pela primeira vez em 1963 e depois reposto, 30 anos mais tarde, em 2003. Nessa altura, as obras de recuperação do espaço já tinham sido concluídas há seis anos. «Em 1997, as remodelações tornaram o Coliseu numa sala polivalente e reforçaram a programação artística, recuperando audiências e voltando aos seus momentos áureos», pode ler-se.
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Conforto moderno num hotel com história(s)
20 anos depois, este hotel temático, uma unidade hoteleira moderna e urbana, faz jus a esses tempos, aproveitando-os para seduzir uma nova geração de hóspedes, exigindo, além de um conceito, o conforto e as modernidades dos dias que correm. E esses também estão lá! A decoração é contemporânea e clean, as camas são cheirosas e confortáveis, a televisão funciona como hotspot do Wi-Fi, uma cafeteira elétrica permite fazer chá ou café a qualquer hora.
Num dos armários, há um cofre e, nas casas de banho, uma das gavetas esconde um secador. Na maioria das das suites, a cabine de duche foi substituída por uma banheira de hidromassagem. Um dos pormenores que chama a atenção encontra-se, contudo, no cartão pendurado na porta no interior da habitação, também ele alusivo ao universo artístico. Num dos lados, pode ler-se «Intervalo - Pode limpar (o quarto)». O outro diz «Em ensaio geral - Venha mais tarde».
As imponentes letras eletrificadas que ornamentam o topo da fachada do Coliseu do Porto também podem ser admiradas das janelas e do terraço do sexto andar. A antiga lavandaria foi convertida em sala de pequenos-almoços e do espaço exterior, que é usado para eventos, avistam-se alguns dos edifícios mais emblemáticos da Rua Passos Manuel e da Rua de Santa Catarina, a Avenida dos Aliados e a Torre dos Clérigos.
Estacionar na zona não é fácil mas quem vem de carro pode estacionar na Garagem Passos Manuel, com quem o hotel tem um acordo. Inaugurado em 1941, o edifício onde a unidade hoteleira está integrada remonta a 1937, altura em que as primeiras discussões formais para a criação do mítico recinto começaram a ter lugar. «É a maior sala de espetáculos da cidade, recebendo cerca de 300.000 espectadores por ano», avança o site da unidade hoteleira.
Texto: Luis Batista Gonçalves
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