Farmácias Portuguesas
É ao anoitecer que tudo começa. Famílias inteiras de Miranda do Douro e arredores reúnem-se, a 24 de dezembro, para dar início às festividades natalícias. Em Sendim, vila situada a poucos quilómetros, uma grande fogueira é ateada com a ajuda de todos, junto à Igreja Matriz.
Grandes troncos são queimados ao som de gaitas de foles que, aqui, ainda são uma tradição viva. E só quando as chamas já vão no alto é que se começa a ronda pelas ruas principais, num peditório para angariar dinheiro para a festa, através da compra e venda de acessórios (luvas, gorros, etc.) para combater o frio que marca a ocasião. Todos se conhecem e partilham a felicidade de um Natal que se faz mais na rua do que em casa.
As doze badaladas são o chamamento para a igreja que, rapidamente, se enche para assistir à tradicional Missa do Galo. Depois, é comida, bebida e música ao vivo pela noite fora, aquecidos pelo calor da grande fogueira. Só há uma regra: as chamas não podem ultrapassar a altura da torre da igreja, porque, segundo dizem, «chamam o Diabo».
O dia seguinte começa bem cedo e com um sabor especial. O tradicional ramo mirandês, composto de roscos, bolos-reis, pão, fogaças e coisas mais, é exibido num andor que segue pelas ruas principais até à igreja.
Dá-se início à pastorada. O cortejo é acompanhado por músicos da terra, com a gaita de foles como anfitriã e, à frente, os mais novos seguem em fila, prontos para representar o nascimento de Jesus Cristo e oferecer-lhe os melhores presentes. Cantam à entrada da igreja, onde a missa é celebrada. Mais tarde, o ramo mirandês é leiloado.
Festa que é festa conta ainda com o chamado volteado dos sinos, onde se testa a virilidade dos rapazes. Têm de subir ao campanário para tentar rodar o sino a uma velocidade tal que o conseguem calar.
É difícil, mas o sucesso desta missão conquista os corações das raparigas mais bonitas. Os dois dias seguintes marcam o dia dos casados e o dos solteiros, respectivamente, onde uns jogam contra os outros, dando fim a uma época de alegria que chama não só os habitantes da região como muitos curiosos para estas terras no topo do nosso país.
Texto de Rita Leça
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