2019 marca o quinto centenário da morte de Leonardo da Vinci no castelo de Clos Lucé em Amboise, em França, assim como o início da construção do castelo de Chambord, também na região do Centre-Val de Loire, que, defendem alguns, ainda foi desenvolvido a partir dos contributos que o cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico terá dado ao rei Francisco I.

Por essa razão e porque o período do renascimento, neste território, foi o ponto de convergência de espíritos criativos das artes e das ciências, dos intelectuais e dos mais iluminados humanistas se poderá assistir, até fevereiro de 2020, a uma série de eventos que recordam e homenageiam o génio italiano. O calendário das celebrações abrange o legado material e imaterial da época, juntamente com os seus personagens ilustres.

Património e história, ciência e inovação, arte e cultura, arte de viver e gastronomia constituem os grandes temas que as materializam. Do programa oficial constam, além de exposições, colóquios científicos, visitas e percursos patrimoniais, o lançamento de publicações e de suportes audiovisuais, a criação e a difusão de obras artísticas, workshops, projetos técnicos e científicos e ainda a apresentação de novos espaços.

As (muitas) coisas que pode fazer se for a França nos próximos meses

Já no próximo dia 25, o castelo real de Amboise dá o seu grande baile renascentista, um evento onde todos os participantes envergarão um traje da época. Um mês depois, nos dias 24 e 25 de agosto, no castelo de Villesavin realizar-se-à também um fim de semana renacentista, com visitas teatralizadas ao interior do edifício, a (re)descoberta de danças e da música da época e também a degustação de vinhos e iguarias locais.

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Até 31 de novembro, em Tours, em Chambord, em Onzain, em Noirlac, em Briare-le-Canal e em Amboise, pontos de visita obrigatórios, um dos destaques vai para o concerto "1519-2019 : Doulce mémoire célèbre Léonard de Vinci", um espetáculo de música renascentista com direção artística de Denis Raisin Dadre a não perder. Nos dias 27, 28 e 29 de setembro, terá lugar no parque Leonardo da Vinci, no castelo de Clos Lucé, na cidade de Amboise, mais uma edição do Festival Europeu da Música Renascentista, onde o célebre músico e maestro Jordi Savall apresentará um programa inédito.

Para os apreciadores de arte contemporânea, até 1 de setembro de 2019, no CCCOD - Centre de Création Contemporaine Olivier Debré, em Tours, estará patente ao público a exposição "The resting thought". A estreia, em França, da artista polaca Alicja Kwade, que revestirá este ano a nave do moderno centro de arte com obras conceptuais inéditas, algumas delas desenvolvidas e produzidas especificamente para este espaço.

Leonardo da Vinci morreu em França há 500 anos. Nos próximos meses, são muitas as iniciativas que o homenageiam
Leonardo da Vinci morreu em França há 500 anos. Nos próximos meses, são muitas as iniciativas que o homenageiam Exposição de Alicja Kwade no CCCOD em Tours. Fotografia de François Fernandez

De 15 de agosto a 15 de setembro, em Bourges, Orléans, Blois, Tours, Chambord, Amboise, Chartres e Châteauroux, os locais e os (muitos) visitantes esperados poderão assistir ao espetáculo itinerante "Viva Leonardo da Vinci, 500 ans de renaissance dans de Val de Loire". Uma experiência multidisciplinar e imersiva que combina arte e tecnologia, performance e artes digitais, artes plásticas e artes interativas.

O castelo de Meung-sur-Loire é palco do percurso sensorial "Renai'sens" até novembro. O olfato, o tato e a audição estão em alerta constante durante este passeio às cegas que mergulha o visitante nos odores e nos sons da época renascentista. O Museu de História Natural de Bourges, a 130 quilómetros, tem patente até novembro "Bouteilles à la mer/Message in a bottle, changement climatique et nouveaux continents".

Outras propostas a incluir no(s) seu(s) roteiro(s)

2019 é (também) o Ano Internacional dos Povos Autóctones. O Museu de História Natural de Bourges propõe uma interrogação sobre a nossa relação com o mundo e o impacto das alterações climáticas no planeta e nos seus habitantes, confrontando o século XVI de Leonardo da Vinci com o século XXI. Se andar pela região, não deixe de ir ao castelo de Chambord, que tem patente, até 1 de setembro, uma mostra curiosa.

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A exposição "Chambord 1519-2019, l'utopie à l'œuvre" ocupa uma área com mais de 2.000 metros quadrados, dividida em duas secções. Montargis tem o evento que se prolonga por mais tempo. Até 15 de fevereiro de 2020, poderá assistir à reconstituição virtual de parte do castelo real de Montargis e dos seus jardins, ficando com uma ideia (muito) mais precisa de como eram estes espaços no século XVI. Bourges será ainda, até setembro, palco da realização de conferências, de mesas-redondas e de visitas teatralizadas sobre a arquitetura e o património renascentista.

O castelo de Valençay, por seu turno, é palco de "Les bâtisseurs de Valençay à la renaissance", uma exposição que integra uma programação que conta com concertos, visitas e debates. A arte de viver e a gastronomia também não foram esquecidos. Até outubro, o castelo de Cheverny apresenta "Renaissance et élégance au château de Cheverny". A mesa, a arte de receber à francesa e o requinte estarão em destaque.

Até 3 de novembro, no castelo de Rivau, a pouco mais de 130 quilómetros, cerca de 30 artistas plásticos contemporâneos, como é o caso de Fabien Marelle, natural de Tours, recriam as mais diversas facetas do trabalho de Leonardo da Vinci em trabalhos que recuperam os autorretratos, as pinturas, as máquinas, os códices e até alguns dos cenários assinados pelo génio italiano, que morreu a 2 de maio de 1519, com 67 anos.

Leonardo da Vinci morreu em França há 500 anos. Nos próximos meses, são muitas as iniciativas que o homenageiam
Leonardo da Vinci morreu em França há 500 anos. Nos próximos meses, são muitas as iniciativas que o homenageiam Château royal d'Amboise. Fotografia de Jean-Christophe Coutand