Foi mandado construir no século XVI por Jean Le Breton, ministro das finanças no reinado do rei francês Francisco I, mas o château de Villandry, a última das grandes casas senhoriais construídas nas margens do rio Líger, hoje mais conhecido em Portugal como Loire, deve, atualmente, a sua fama aos esplendidos e coloridos jardins que o rodeiam, onde podem ser admiradas cerca de 115.000 plantas ornamentais.

Graças a escavações arqueológicas, sabe-se hoje que existia inicialmente uma horta ao lado do castelo renascentista. A recente descoberta de uma planta do século XVIII comprova a existência de dois terraços no local, um que era cultivado como um jardim vegetal e outro como um jardim ornamental. Dois séculos mais tarde Villandry, foi adquirido pelo marquês de Castellane que, em 1760, aumentou os jardins.

Depois de comprar terrenos aos aldeãos, estendeu a propriedade até à igreja que existia na aldeia e criou um jardim de estilo francês clássico com um lago em forma de um espelho estilo Luís XV. Entre a igreja, o castelo e o jardim ornamental foi, então, adicionada a horta. No século XIX, a propriedade, que pode ver na galeria de imagens que se segue, voltou ao mercado e passou para as mãos da família Hainguerlot.

Os novos proprietários transformaram os jardins num parque de estilo inglês romântico, muito em voga à época, com a vantagem de exigir menos manutenção do que o anterior jardim de estilo francês. No início do século XX, o novo proprietário de Villandry, o médico espanhol Joachim Carvallo, natural da Estremadura, dedicou-se ao restauro dos jardins renascentistas depois de recuperar o edifício, já a precisar de obras.

Entre 1906 e 1909, o bisavô do atual proprietário, Henri Carvallo, recolheu informação, conduziu escavações arqueológicas e encontrou os vestígios que lhe permitiram recuperar a horta. A consulta de fontes literárias e de plantas antigas deram-lhe uma ideia de como eram originalmente os jardins. Em 2008, sofreram um incremento, com a criação do jardim do Sol, a partir de um esboço de Joachim Carvallo.

A sucessão de terraços que forma os jardins do castelo de Villandry

O château de Villandry tem seis jardins dispostos numa sucessão de terraços. Cada um com a sua identidade própria e princípios estéticos que os diferenciam. No nível mais inferior, ao lado do castelo, encontra-se o jardim vegetal, também apelidado de kitchen garden. O jardim da cozinha, outro dos nomes que lhe dão, suporta a alimentação do agregado familiar residente, os descendentes de Joachim Carvallo.

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Composto por nove quadrados idênticos, com diferentes motivos geométricos desenhados, abrange quase um hectare de área para dois regimes anuais de plantio, o da primavera e o do verão. No final da visita, que custa 7 € se só incluir os jardins e 11 € se também incluir o castelo, é dada a possibilidade aos visitantes de levarem consigo, gratuitamente, alguns dos vegetais. Num nível intermédio, encontra-se o jardim decorativo, também chamado de love garden, concebido como se fosse um prolongamento dos salões do castelo, uma extensão natural das salas.

Os motivos trabalhados que o decoram remetem para os temas das conversas da época renascentista, o amor, a música e a religião. Aqui, podemos ver buxos e flores como as begónias ou as tulipas. No terceiro nível, encontram-se o jardim da água, o jardim de ervas e o labirinto. O primeiro, de inspiração clássica, situado em redor do grande lago em forma de espelho estilo Luis XV que reflete o céu, é um lugar perfeito para meditar.

O jardim de ervas, tal como o vegetal, fornece as plantas necessárias para a vida familiar. Além das medicinais, há plantas aromáticas e ervas. O labirinto, com os seus longos e sinuosos caminhos, mas sem armadilhas difíceis, simboliza a progressão serena e suave do homem em direção ao criador. É um espaço que faz muito sucesso entre as crianças, que gostam de desafiar os progenitores na sua exploração.

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Finalmente, no último nível, o mais elevado, surge o jardim do Sol. É o mais recente dos seis jardins e, nele, as plantas foram dispostas de forma a darem uma impressão de desordem. O dono, Henri Carvallo, encomendou o projeto, desenvolvido a partir de um esboço do bisavô, ao arquiteto paisagista Louis Benech e à botânica Alix de Saint-Venant, proprietária do castelo de Valmer, outro dos castelos do vale do Líger.

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O novo empreendimento conserva os mesmos princípios gerais de organização de todos os jardins de Villandry, como podemos comprovar quando lá estivemos, a convite da companhia de aviação Transavia e do Comité Régional de Tourisme du Centre-Val de Loire. Forma um claustro de chopos e tílias e compõe-se de três câmaras. Na do sol, na parte central, há um lago em forma de astro-rei e uma estrela de oito pontas, desenhada por Joachim Carvallo, com plantas perenes em vários tons de laranja. A das nuvens é plantada com arbustos, rosas e plantas persistentes em tons de azul.

A terceira, a câmara infantil, promove jogos ao ar livre à sombra das macieiras. O antigo campo de ténis dos jardins de Villandry, renovado na primavera de 2010 ao mais puro estilo do de Wimbledon, em Inglaterra, exibe um relvado esplêndido que todos os meses é ressemeado, cortado e aparado. Aberto a jogadores experientes e a amadores, é um espaço de fruição que permite jogar e competir em diferentes alturas do ano.

Os números e as curiosidades que impressionam os visitantes

Na manutenção dos jardins do castelo de Villandry trabalham habitualmente 10 jardineiros a tempo inteiro. À equipa junta-se, ainda, um artesão aprendiz. No verão, uma época de maiores exigências e de mais regas, há um reforço do grupo. Alguns estagiários tratam, por norma, da remoção de ervas daninhas. Os 52 quilómetros de buxo que existentes são podados duas vezes por ano, em maio e em agosto.

Os números impressionam. São necessárias cerca de 300 horas só para podar as sebes que rodeiam o jardim vegetal. Para podar as videiras, roseiras, pereiras e macieiras, são necessárias 400 horas. Ao todo, são cerca de 115.000 as plantas ornamentais e vegetais ali plantadas. Cerca de metade são preparadas pelos próprios jardineiros nas estufas da propriedade. E também são eles que podam as 162 topiárias, duas vezes por ano.

A primeira poda é feita em junho. A segunda é executada em outubro. Extenso é também o número de tílias, 1.016. Espalhadas por toda a propriedade, são podadas todos os invernos por uma equipa de quatro homens. Um trabalho que demora dois meses a concluir e que chega a representar 1.100 horas de trabalho. Os jardins do castelo de Villandry estão abertos todos os dias do ano, incluindo feriados, a partir das 09h00.

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