Suspeito de ser um dos mentores do 11 de Setembro, Mohamedou Ould Slahi esteve detido na prisão norte-americana de Guantánamo entre 2002 e 2016. Após 13 anos de cativeiro, não foi acusado formalmente de qualquer crime. Um juiz federal ordenou a sua libertação em março de 2010, mas o governo dos Estados Unidos lutou contra essa decisão, impedindo que fosse cumprida.

Escrito durante os primeiros anos de prisão, “Diário de Guantánamo” (edição Vogais), com autoria de Mohamedou e Larry Siems, mereceu adaptação ao grande ecrã, no filme “O Mauritano”, ainda sem data de estreia no nosso país.

Filme protagonizado pelo francês Tahar Rahim e pela norte-americana Jodie Foster, nomeados para os Globos de Ouro 2021, respetivamente nas categorias de Melhor Ator (Drama) e Melhor Atriz Secundária. Tahar Rahim está também nomeado para Melhor Ator Principal dos prémios britânicos Bafta (British Academy Film Awards).

Quanto ao enredo, trata-se de uma “obra que descreve, com detalhe e proximidade, os processos de captura, interrogatório, brutalização e tortura perpetrados pelas autoridades dos EUA ao abrigo da chamada ‘War on Terror´. Este texto fundamental, que o governo norte-americano tentou esconder do grande público, contém mais de 2500 linhas censuradas, após seis anos de batalhas jurídicas”, adianta em comunicado a Vogais.

Mohamedou Ould Slahi nasceu na Mauritânia em 1970. Ganhou uma bolsa para estudar na Alemanha, onde trabalhou durante vários anos como engenheiro. Voltou à Mauritânia em 2000. No ano seguinte, foi detido pelas autoridades mauritanas, a mando dos Estados Unidos e enviado para a prisão de Guantánamo, na ilha de Cuba, onde foi torturado. Em 2010, um juiz federal ordenou a sua libertação imediata, mas o Governo norte-americano contestou a decisão. Os Estados Unidos nunca o acusaram de qualquer crime. Foi libertado em 2016.

Larry Siems editou o manuscrito original de Mohamedou Ould Slahi. É escritor e ativista dos direitos humanos, e durante muitos anos dirigiu o Freedom to Write Program do PEN American Center. Vive em Nova Iorque.

O livro orça os 21,98 euros.