Abril marca a reabertura ao público das Ruínas Romanas de Troia, com visitas que podem ser feitas entre quarta-feira e domingos até outubro, naquelas que foram referidas pelo escritor dinamarquês do século XIX Hans Christian Andersen como a “Pompeia de Setúbal”.

A Ruínas Romanas de Troia situadas na margem do rio Sado, naquela que terá sido outrora a presumível Ilha de Ácala, é Monumento Nacional classificado desde 1910. Testemunho arqueológico que sobreviveu mais de dois mil anos, com casas, fábricas, termas, mausoléu e necrópole, que identificam a cidadania romana.

Na época romana este terá sido um dos maiores e mais interessantes complexos fabris de conservas de peixe do Império Romano e do Mediterrâneo Ocidental, com uma extensão de quase dois quilómetros. Da instalação industrial faziam parte oficinas e tanques de salga (cetárias) de peixe e marisco que se destinavam à produção do garum, um condimento muito apreciado pelo povo romano.

Ainda no decorrer do mês de abril, iniciam-se novas escavações arqueológicas, dando continuidade a um trabalho que nos últimos anos identificou 29 oficinas de salga de peixe.

Recorde-se que todos os anos são descobertos vestígios, que podem ser visitados em exposições arqueológicas, visitas guiadas e eventos temáticos que periodicamente são promovidos.

No que toca às visitas estas decorrem em abril de segunda a sexta-feira, estando as visitas de maio a outubro abertas de quarta a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h00 (horário sujeito a mudanças conforme as normas da DGS).

As visitas guiadas decorrem em junho e setembro aos sábados, às 15h00. Em julho e agosto, têm lugar às quartas e sextas às 10h30. Em outubro, no primeiro sábado, a visita faz-se às 15h00.

O bilhete normal orça os 6,00 euros. O bilhete de estudante ou para cidadãos com mais de 65 anos, caminhantes, ciclista e grupos custa 5,00 euros. Até aos 12 anos as visitas são gratuitas.

A visita guiada orça os 7,50 euros. Estudantes, pessoas com mais de 65 anos, caminhantes, ciclista e grupos, pagam 6,00 euros. Até aos 12 anos, a visita é gratuita.

1. Sabia que, nas escavações arqueológicas realizadas em Tróia desde 2007, foram recuperadas mais de 1500 ânforas?

Cerca de 70% das ânforas eram feitas na região, nas olarias da margem norte do Sado, de Setúbal à Barrosinha. As outras foram importadas de outras províncias do Império.

No Alto Império (século I e II), 84% das ânforas importadas vinham da Bética, atual Andaluzia, essencialmente com azeite e produtos de peixe. No Baixo Império (século III-V) 51% vinham do Norte de África, essencialmente da Tunísia, com os mesmos produtos, e só 44% da Bética. Em pequeno número, vinham também ânforas de Itália, da Gália, do Mediterrâneo Central e do Mediterrâneo Oriental.

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2. Sabia que Troia tem 29 oficinas de salga identificadas?

Destas, sete foram postas a descoberto por escavações. As outras 22 foram postas a descoberto pela erosão costeira.

Desde 2007 que se começou a analisar e numerar as oficinas de salga de peixe de Troia. Em 2011 publicou-se um artigo com as 25 oficinas então visíveis. Em 2016, identificaram-se mais duas oficinas, e em 2017 outras duas, num total de 29. Desde 2007, já se fizeram escavações em oito oficinas. (Oficina 1, 2, 4, 6, 12, 13, 18 e 23)

3. Sabia que em Troia há 180 tanques de salga visíveis? 

Setenta e nove tanques estão completos ou suficientemente bem conservados para se calcular a sua capacidade. Somando essa capacidade, ficamos a saber que Troia tinha uma capacidade de produção instalada mínima de 1430 m3, o que equivale a 1 430 000 litros.

Para encher estes tanques com 80% de peixe e 20% de sal, eram necessárias 760 toneladas de sardinha e 350 toneladas de sal.

Durante os primeiros cinco séculos do primeiro milénio, Troia era, sem dúvida, o motor económico do baixo vale do Sado.

4. Sabia que a sardinha era o peixe mais utilizado em Troia para fazer molhos de peixe e peixe salgado?

Quando se escavam tanques de salga, é comum encontrar, no fundo, um sedimento amarelado e leve que é uma camada de restos de peixe composta por milhares de pequenas vértebras. Estudos ictiológicos demonstraram que se trata de restos de sardinha, o peixe preferencial dos produtos de peixe romanos da Lusitânia.

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5. Sabia que nas escavações de 2019 apareceram muitos fragmentos de mosaico preto e branco?

Ao escavar o enchimento de grandes tanques de uma oficina de salga, percebeu-se que tinham sido entulhados com muita pedra, tijolo e argamassa, aparentemente de casas construídas no século II ou III. Nesses entulhos, recolheram-se também muitos fragmentos de mosaico e de estuque pintado, provenientes dos pavimentos e paredes de salas de casas de pessoas abastadas.

6. Sabia que, desde 2010, já se fizeram trabalhos de conservação em dez edifícios das Ruínas Romanas de Troia?

Desde 2010 que se têm feito regularmente trabalhos de conservação em dez edifícios das Ruínas Romanas de Troia. A empresa Mural da História fez a conservação e restauro de quatro paredes e um pilar da Basílica, enquanto que a empresa Nova Conservação tem feito inúmeras intervenções de consolidação e restauro em nove outros edifícios do sítio arqueológico (Oficina de salga um, dois, quatro e 21, Mausoléu, Basílica, duas casas da Rua da Princesa, Termas e Edifício a Nordeste da Oficina 2).

7. Sabia que a área das Ruínas de Troia conhecida como Rua da Princesa foi escavada, no século XVIII, pela rainha D. Maria I, antes de subir ao trono?

A escavação prosseguiu no século XIX com a Sociedade Arqueológica Lusitana. A grande casa que aí existia foi-se desmoronando durante a escavação, feita à época sem cuidado, e houve paredes que ficaram descalças de um lado e a sofrer a pressão das dunas.

Recentemente foi necessário refazer o perfil de uma duma para sustentar paredes em risco de colapso. Utilizaram-se cerca de 1000 m3 de areia resultante de escavações recentes.

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