Entre sementeiras, plantações, regas e mondas, não há mãos a medir. Felizmente posso dizer que somos uma equipa de quatro pessoas, o que tem tornado as nossas sessões na horta bem mais fáceis e animadas! Segundo os princípios da horticultura biológica, uma das tarefas mais importantes da horta pode ser feita confortavelmente em casa, com papel e caneta. Trata-se de planear a horta, escolher as conjugações de espécies mais adequadas (consociações) e as flores auxiliares, definir rotações e compassos de plantação, pensar nas quantidades a cultivar.

Mas a escolha é mais difícil do que pode parecer!  Das mais de 30 culturas disponíveis (não contando com as flores e aromáticas), há que selecionar o que mais nos convém. Este ano vamos repetir o que teve mais sucesso no ano passado e experimentar outros vegetais. Por exemplo, no ano passado percebi que quatro pés de tomate-cereja foram suficientes para colher durante todo o verão. Este ano plantámos seis e espero que dê para toda a equipa...

As ervilhas foram outra maravilha. Em poucas semanas, colhemos as primeiras vagens e o meu filho aprendeu rapidamente a abri-las e a guardar as preciosas bolinhas. Este ano, semeámos por duas vezes mas parece que os pombos fizeram um banquete e poucas germinaram. Voltaremos a tentar! O espinafre-da-nova-zelândia, uma variedade mais robusta do que o espinafre tradicional, adaptou-se bem ao terreno e espalhou-se naturalmente, sem necessitar de grandes cuidados.

Experiências que marcam

Durante os meses de novembro a janeiro, fizemos quatro sementeiras de favas e vamos agora, no verão, colher as primeiras. Do inverno passado, temos ainda alho, alho-francês, cebolinho, couves e alfaces para colher. Já este ano, plantámos dois chuchus. Enterra-se o fruto inteiro, uma coisa que eu nunca tinha visto! Também fizemos as culturas de verão, nomeadamente rúcula, aipo, tomate e tomate-cereja, curgete, espinafres, acelgas e pimentos.

Falta ainda semear o milho, o feijão e as abóboras, mas ainda temos a lua a nosso favor, de acordo com o calendário próprio). Com tantas experiências, e apesar de ainda não termos conseguido cultivar todo o terreno, o aspeto do nosso talhão está um pouco confuso. Mas estamos a preparar um plano para o talhão completo, que aos poucos vai ganhando forma. Neste momento é hora de semear para mais tarde colher!

Texto: Vera Ramos (autora das crónicas «Diário de uma horta na cidade» publicadas mensalmente na revista Jardins)