Em vez de tirarem partido das suas varandas, os portugueses gostam de as fechar e de as converter em marquises que, na maioria dos casos, apenas servem para arrumação. Não admira, por isso, que muitos estrangeiros estranhem a situação, acusando os portugueses de desfrutar pouco desses espaços exteriores. Para quem vive num apartamento, quando surge o calor, as varandas e os terraços começam a pedir vida, cor e alegria para que possam tornar-se locais interessantes para disfrutar do seu tempo livre.
A preparação do terraço ou varanda deve ser feita tendo em conta uma série de aspetos e preocupações:
- Criação de um esboço mental ou em papel da organização do espaço
- Escolha dos vasos e floreiras
- Escolha das espécies a plantar
- Como vai realizar a manutenção do espaço
Dicas para a (re)organização do espaço
Decida o que pretende ocupar do seu espaço para que possa tirar algumas medidas e começar a escolher os vasos e as floreiras. Tenha em atenção que vai precisar de se deslocar entre os mesmos para regar e cuidar. Não se esqueça que também pode aproveitar o espaço vertical de uma parede com boa exposição solar. Pode utilizar kits de jardins verticais, que são de fácil instalação. Têm a vantagem das plantas estarem separadas e com isto poderá regular melhor a rega de cada uma.
Os vasos e floreiras em que deve investir
O material dos recipientes pode ser variado, desde a madeira ao plástico, passando pelo zinco, pelo barro e pela fibra de vidro, entre outros. A madeira, por exemplo, confere um estilo mais rústico ao local. Escolha conforme o estilo pretendido. Em qualquer dos casos, coloque gravilha, seixo ou bolas de argila (leca) no fundo do recipiente para facilitar a drenagem. Se quiser pode também economizar, utilizando para o efeito restos de tijolo partido ou outro material semelhante.
Os vasos deverão ter a profundidade suficiente para as espécies que vai plantar. Tenha, todavia, atenção ao peso dos vasos para o caso de precisar de os mudar de local e também para não sobrecarregar a estrutura da varanda ou terraço. Pode optar por colocar rodas ou comprar vasos já com rodas, dentro da variedade que existe no mercado. Se o local é ventoso, os vasos deverão ser de estrutura mais pesada para não se deslocarem facilmente.
Os cuidados a ter com a escolha das espécies a plantar
Na altura de ir comprar as plantas, tenha em conta os seguintes critérios:
- Aspeto saudável e com vigor, sem sinais de manchas e pintas nas folhas e flores ou ervas daninhas no vaso
- As raízes não devem estar apertadas e a crescer para fora no fundo do vaso. Verifique, levantando a planta do vaso para observar o comportamento das raízes
- Se a planta apresentar as folhas amareladas, pode ser sinal de subnutrição
- Em algumas plantas, o aparecimento de muitos rebentos a partir da base, com a planta já formada, pode ser um sinal de que a planta passou por um período de seca e pode ter ficado debilitada
- Tenha também em conta o tamanho e a proporcionalidade. Preveja o tamanho que a planta escolhida para o vaso irá alcançar para que o efeito desejado se mantenha ao longo do tempo, principalmente quando combinar diferentes espécies juntas
Ideias e combinações possíveis que resultam
Existem soluções que funcionam e que não deve ter medo de reproduzir. Estas são algumas das que os especialistas em jardinagem e arquitetura paisagista sugerem:
- À sombra
Misture heuchera com asparagus e aspidistra. A cor rubra da heuchera contrasta muito bem com o verde do asparagus. A aspidistra fará um contraste na textura e na proporção, por ser mais alta, ficará localizada atrás.
- Ao sol
Coloque uma Cordyline australis no meio do vaso e rodeie-a de Osteospermum jucundum ou Lotus maculatus.
- Em sol/sombra parcial
Para uma combinação de cores mais exuberantes, proponho a mistura de petúnia com flores vermelhas e/ou com cores cereja com a Vinca minor, de folha pequena e comportamento pendente.
Regras de manutenção a implementar
Para manter as suas plantas saudáveis irá precisar de as regar e fertilizar regularmente. Pode instalar um pequeno sistema de rega com gotejadores ou alagadores e pode também acoplar um programador que lhe permite regar às horas que quiser, o tempo que precisar. Útil para quando se ausentar de casa durante uns dias ou se o seu tempo disponível para as regas for pouco.
Uma forma mais simples será o tradicional uso do regador ou mangueira, mais exigente em termos de tempo. Procure não regar nas horas de calor onde a evaporação é maior e tenha cuidado para não regar em demasia. Escolha, de preferência, fertilizantes biológicos e métodos naturais de tratamento. A forma como agrupa as espécies no espaço existente pode minimizar as pragas e doenças, reduzindo a aplicação de químicos. Esperamos que se divirta a criar o seu espaço.
Texto: Bruno Aguiar (landscape designer licenciado em engenharia do ambiente e em engenharia de recursos naturais)
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