Assim que caem as primeiras chuvas,
surgem cogumelos a um ritmo frenético, como que
num despertar urgente de quem há muito anseia
pelas primeiras gotas de água.

Aguardam pacientemente,
na dormência a que o Verão os veta, mas
nem todos despertam na mesma altura. Há que
saber esperar por alguns, no entanto, para quem é
apreciador de cogumelos silvestres, basta aguardar
uns dias, para ir em busca das primeiras espécies
do Outono.

O macrolepiota procera é das primeiras espécies
a surgir, uma vez que é termófilo (é uma espécie
que surge com a presença de temperaturas diurnas
elevadas, características do inicio de Outono).
De Norte a Sul de Portugal, não há quem não os colha
e o consumo é talvez dos mais comuns
de todo o país. Prova disso, é o facto de
ser um dos cogumelos com mais registos de nomes
vulgares que eventualmente possamos conhecer.

Reputado pela grande dimensão que o chapéu pode
atingir (até cerca de 30 -35 cm de diâmetro), esta
espécie é conhecida por parasol, púcara, pucarinha,
púcara de sementeira, frade, fradelho, roque,
roca, marifusa, gasalho, capoa, choteiro, centeiro,
tortulho, roclo, giriboila, barifusa, pateirinha, entre
muitos outros. Por se tratar de uma espécie decompositora,
é frequente encontrá-la em clareiras, caminhos,
prados, pastagens ou até mesmo jardins, locais
frequentemente ricos em matéria orgânica.

Sabor intenso

O seu consumo alargado pode dever-se tanto à sua
larga abrangência em Portugal, como à relativa facilidade
na sua identificação, por parte de quem colhe
cogumelos com conhecimentos mais empíricos.
No entanto, não é de descartar a possibilidade de
confusão com algumas espécies tóxicas semelhantes.
De pé bolboso com ornamentos tigrados e
anel duplo franjado, este cogumelo permanece na
gastronomia dos micófagos adeptos desta espécie,
quase como de forma obrigatória.

De sabor intenso,é frequentemente grelhado com pedras de sal e
temperado com um fio de azeite. Uma das características
que se destaca nesta espécie é o facto de
o seu anel ser móvel, isto é, o anel pode percorrer o
pé de alto a baixo, uma vez que esta membrana se
forma despegada do pé. Tem um cheiro característico,
com chapéu ornamentado de escamas acastanhadas
e lâminas branco-bege, surge geralmente
em surtos com muitos exemplares ao mesmo
tempo.

De salientar que os pés são fibrosos, pelo
que apenas vale a pena colher os chapéus, com o
auxílio de um canivete. O facto de ser tão abundante
em Portugal e de surgirem simultaneamente
muitos exemplares, é motivo mais do que suficiente
para incentivar qualquer colector, uma vez que se
torna uma tarefa rápida a sua colheita e facilmente
se enche uma cesta destes cogumelos.

Texto: Marta Ferreira