Apesar de historicamente ser uma das mais antigas formas de conexão espiritual e terapia de cura, existe ainda algum desconhecimento sobre o Xamanismo. Numa altura em que nos aproximamos do primeiro Encontro Internacional de Xamanismo com lugar em Portugal, que ocorrerá entre 30 de Setembro e 2 de Outubro, vimos lançar alguma luz sobre as suas origens.

Os primeiros vestígios de cultos xamânicos ocorreram, segundo vários sites e especialistas da área, na era paleolítica. Os indícios desta filosofia levam-nos até ao homem primitivo e aos primeiros habitantes da Terra. Apesar do termo Xamanismo nos transportar na maioria das vezes para uma imagem ligada à cultura indígena, a verdade é que a origem da mesma se espalha por todo o planeta, existindo vestígios de culto xamânico na Europa que datam de há
30 000 atrás. Consta-se que a nível mundial os primeiros vestígios datem de há 50 000 atrás, parece consensual que o termo xamanismo tem origem siberiana.
Hoje em dia o Xamanismo apresenta diversas correntes e características consoante o país ou região onde se desenvolveu. Contudo, e de forma essencial, todas as correntes xamânicas continuam a privilegiar a união com a Natureza e com o seu Espírito no sentido de privilegiar o conhecimento e a cura do ser humano. O site www.xamanismo.br é claro ao separar esta filosofia de outras correntes religiosas, já que embora se prenda com rituais religiosos e seja uma corrente baseada nesse preceito, a base do Xamanismo não está assente numa figura máxima e messiânica. A figura do xamã, sacerdote máximo no xamanismo, não funciona aqui como uma figura única já que este lugar está aberto a todos os que forem capazes de percorrer o caminho para chegar a sê-lo. O xamã funciona, segundo algumas definições, como uma forma de ligação entre o mundo espiritual e os Homens. “Sintetizando, o xamanismo é a «Jornada da Consciência», um legado da humanidade além das fronteiras dos países, credos, raças, filosofias. Xamanismo Universal não significa uma classificação nova no xamanismo, o xamanismo é universal. A premissa básica é o reconhecimento que todos fazemos parte da Família Universal e tudo está interligado. O praticante compreende o Espírito Essencial que está dentro dele mesmo, na natureza e em todos os seres. O praticante sabe quem ele é e como se relaciona com o Universo”, refere o site em questão.

Ao compreender o ciclo da vida e as regras da Natureza, o Xamanismo compreende também sistemas de cura do corpo e da alma. É baseado no respeito por este ciclo e por toda a Natureza, com enfoque essencial na sua preservação e no respeito por todas as criaturas como criações divinas. “O Xamanismo como a mais antiga prática espiritual da humanidade tem como base das suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência e obter resposta de mundos paralelos, prática do amor incondicional. As suas práticas estabelecem contacto com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem-estar físico, psicológico e espiritual”, refere o site xamanismo.com.br. A prática xamânica centra e assenta sobre a união e harmonia dos quatro elementos: Terra, Água, Ar e Fogo. A interligação destes elementos permite, segundo a filosofia xamânica, o equilíbrio necessário à vida e à continuação do ciclo da Natureza. Desta forma, a Terra representa o corpo e as sensações físicas; a Água está ligada aos sentimentos e emoções; o Ar relaciona-se com a mente e o lado racional dos pensamentos; por último o Fogo está associado ao espírito, à claridade da alma.

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Neo-Xamanismo e Xamanismo Tradicional

Como afirmamos anteriormente, várias são as correntes decorrentes do Xamanismo original. Embora todas se prendam aos conceitos básicos, a verdade é que existem alguns pontos essenciais e diferenciadores entre as diversas práticas. É possível dizer que existe hoje uma linha divisória entre o Xamanismo Tradicional e o Neo-Xamanismo. Desta forma, o primeiro defende práticas voltadas para o estabelecido ancestralmente, usando como linha orientadora as tradições nativas. Já o neo-xamanismo adapta a prática a diferente terapias e a uma realidade mais urbana e actual. Esta linha divisória originou em muitos praticantes uma vontade de união do xamanismo sem cair na exclusão de nenhuma corrente: é o que apelidam como Xamanismo Universal. Esta forma de encarar a arte pretende unir todas as formas de conhecimento numa filosofia única e integradora, procurando o que melhor existe no conhecimento ancestral e nas novas práticas. “Quando percebemos a conexão Universal entre nós e todos os que viveram e que estamos todos ligados, conectados, compreendemos que todas as histórias fazem parte da nossa história. A consciência da conexão é vital ao aprendizado da convivência mútua. Ninguém vence sozinho. Todos temos a necessidade de nos conectar com algo fora de nós, com os nossos companheiros de caminhada e com algo maior que nós todos”, indica o site www.xamanismo.br

Diferentes aplicações do Xamanismo

Enquanto corrente fundamental, o Xamanismo desdobrou-se em diferentes correntes à medida que se foi espalhando pelo mundo. Desta forma nascem técnicas como o Reiki Xamânico, que utiliza a energia dos quatro elementos naturais essenciais interligada com a energia universal para utilizar sistemas e técnicas de cura. A sua principal forma de actuação visa modificar a vibração motivacional de cada um de forma a despertar a real consciência de cada um.

Por outro lado, as Cartas de Cura Xamãs procuram ajudar ao encontro com o elo interior de cada um numa perspectiva de cura interna, como refere Ana Paula Lago no seu texto sobre esta terapia. “Tenta-se encontrar dentro da pessoa aquilo que ela terá de alterar para que o bloqueio seja resolvido, assumindo que todos nós estamos a todo o momento a construir o nosso próprio futuro, e sendo esse encontro connosco próprios parte fundamental da solução a encontrar”, refere. Usadas pelos povos indígenas norte-americanos, as cartas baseiam-se no conceito de que todos nós guardamos o espírito de cada vida passada que tivemos nas diferentes formas vegetal, animal e humana. Nesse sentido, todos temos dentro de nós o espírito de vários animais que são os nossos guardiões. As cartas transmitem desta forma informações sobre os nossos bloqueios actuais, sobre aqueles que trazemos do passado e sobre o papel de determinadas pessoas na vida, originando desta forma um processo de cura interior.

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Da mesma forma existe também a aplicação da astrologia ao Xamanismo, com a concepção do Horóscopo Xamânico que atribui um animal a cada pessoa através da altura do seu nascimento. Esta prática baseia-se também na concepção de que todos estamos interligados na Natureza e a cada arquétipo faz corresponder a descrição da simbologia de cada animal. A cada signo, correspondem um tipo de vento, que simboliza a postura interna do ser, e uma direcção, que simboliza a meta espiritual do ser.

As diferentes aplicações e interligações do Xamanismo, das quais nos limitamos a dar apenas alguns exemplos, provam a sua dinâmica multifacetada. Conforme refere Leo Artése, xamã e autor no site xamanismo.com.br, tudo está ligado. “Actualmente muitos xamãs, inclusive no Peru, rezam para Cristo e aceitam que Jesus foi um Xamã Iluminado. Podemos numa abordagem mais abrangente dizer que a Doutrina Santo Daime é um xamanismo cristão, assim como a Native American Church nos EUA, a Umbanda , a União do Vegetal, a Barquinha, o Catimbó, os cerimoniais com cogumelos de Maria Sabina, e outros. Existem traços do xamanismo em todas as religiões: no Budismo Tibetano, no Judaísmo, no Tantrismo, no Cristianismo. Isso torna muito desafiante a tarefa de separar o que é e o que não é xamanismo, pois tudo está conectado”.

FONTE: www.encontroxamanismo.com