Não estou a falar de flores, de plantas sensíveis e/ou sazonais, de árvores de fruto. Não. Estou a falar das relações que tem escolhido manter na sua vida, estou a falar de uma jardinagem muito especial e única: a jardinagem interior.

Tal qual as plantas também precisamos de nutrir as nossas relações, e também nós, em determinada altura, vamos constatar que precisamos de, por exemplo, recorrer à poda.

A poda é um processo essencial, pois vai permitir-nos manter as relações bem conservadas e cuidadas. Somos todos únicos, com características e necessidades distintas, por tal, a poda deve ir ao encontro do propósito que tenhamos:

  • Limpar o que já não serve, ou o que está a promover uma energia tóxica;
  • Formar, na medida em que vamos ao encontro da necessidade do outro e também mostramos quais são as nossas necessidades;
  • Criar as condições necessárias para que a relação possa crescer de forma estruturada, de acordo com as transformações que surgem no decorrer do tempo.

Nutrir não é apenas regar, nutrir é criar espaço para crescer, observar as ervas daninhas que tendem a crescer (mal entendidos, faltas de respeito, intolerâncias, inflexibilidade). Nutrir é escolher – sim, de forma consciente – rodearmo-nos de pessoas que nos suportam, nos empoderam.

Muitas vezes, por comodismo e falta de amor próprio, deixamos que relações tóxicas se mantenham presentes, mantemos o contacto com pessoas que não perdem uma oportunidade para nos julgar, para desvalorizar o nosso lugar, as nossas conquistas. Também mantemos muitas relações por força do hábito e pelo medo de ir ‘para o mundo’ conhecer pessoas novas.

O medo faz-se aliado da vergonha, da timidez, da crença de que não somos tão interessantes como ‘os outros’, já a força do hábito não nos cria condições para questionar se me identifico genuinamente com quem escolho investir o meu tempo.

Se para instalar um novo hábito são necessários – pelo menos – 21 dias, para acolher o questionamento na nossa vida é necessário algo de maior profundidade: noção do que é amarmo-nos, noção do que é que me satisfaz, noção de quais são os meus valores e princípios.

Sou um bom jardineiro no meu jardim quando olho para dentro e reconheço que a minha árvore dá frutos - frutos esses que me nutrem a mim e a quem a mim recorrer para se nutrir -, e que as minhas raízes são profundas e conectam-se com o centro da terra, sei quem sou.

Sugiro que faça o seguinte exercício:

1. Desenhe uma árvore;

2. Desenhe as folhas que compõem essa árvore atribuindo um nome a cada folha (familiar, amigo, colega);

3. Pinte o rebordo das folhas de acordo com o que sente nessa relação (sendo verde saudável e vermelho tóxico);

4. Ao terminar de desenhar a árvore, as folhas e respetiva cor, os nomes das pessoas com quem mantêm relações mais frequentes, observe por um momento. Sinta. Tem escolhido nutrir a sua árvore? Tem feito a poda com regularidade ou, por insegurança, permite que a árvore cresça sem cuidado, criando mesmo à volta ervas daninhas que já tomaram uma proporção desnecessária?

A jardinagem é uma tarefa que implica paciência, presença e muito amor. Temos de recorrer a técnicas específicas, temos que nos capacitar das ferramentas adequadas e temos de respeitar os ciclos, assim como a natureza de cada espécie (entenda-se, indivíduo).

Quanto mais e melhor se conhecer, melhor jardineiro será do seu jardim interior, e deverá começar exatamente pelo primeiro passo: conhecer-se.

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