Na era de kali-yuga devemos reconhecer que tudo é impermanente

Recordando com prazer e entusiasmo alguns dos estudos feitos e iniciados há já alguns anos atrás sobre um livro que pertence às Escrituras Sagradas Hindus, designado por “Vishnu Purana”, e no intuito de melhor explicar este período tão difícil para a humanidade em geral sob ponto de vista da Cultura Védica, refiro: KALI, traduz FERRO, e a palavra YUGA, classifica ERA ou PERÍODO DE TEMPO. Relativamente a esta matéria, não se deverá confundir este assunto com a famosa e terrível “deusa” Kálí do panteão hindu das deidades ou manifestações divinas.

Segundo o estudo feito, existem quatro (4) Eras Cósmicas no Universo, a saber: A “Era de Ouro”, que se designa por Krita-Yuga; a “Era de Prata”, que se denomina por Treta-Yuga; a “Era de Bronze”, que se chama por Dwápara-Yuga; a “Era de Ferro”, que é a actual, que se intitula de Kali-Yuga. Cada uma destas Eras ou Períodos de Tempo completam um ciclo de nascimento, vida e destruição do universo conhecido. Quando somados estes “períodos de tempo” ou “ciclos cósmicos”, formar-se-á um MAHA-YUGA, isto é, que corresponde a cem anos cósmicos (pois, em sânscrito, Maha quer dizer grande), sendo que, mil Maha-Yugas, formam um só dia de Brahma, que nas Escrituras Sagradas dos Vedas aparece como o “Creador”.

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Então, o período de Kali-Yuga por que passamos é considerado um tempo difícil, ou seja, um período ou momento em que a humanidade pode chegar ao máximo de desintegração, violência e degradação social. Este é o tempo, segundo as Escrituras Védicas, no qual, a Trindade Hindu (Brahma – o Pai, Vishnu – o Filho, Shiva – o Espírito da Emanação) dará reinício a tudo de novo, para que todo o mal existente na terra e no interior dos homens, seja purificado e absolutamente transmutado.

Eis, porque, a imutável mutabilidade não pode ser de todo olvidada, tal como a constante transformação de tudo o quanto existe e conhecemos. Assim, poder-se-á reconhecer este período muito especial (para quem é amigo de visitar museus), através da magnífica escultura que representa a dança de Shiva. Naturalmente, e também, as ideias de uma constante transformação da realidade podem ser apresentadas de diversas formas. O facto é que já sabemos, e desde há muito tempo atrás, que o universo está em constante movimento. Isso é uma realidade da qual não se poderá fugir ou rebelarmo-nos contra. Das galáxias já conhecidas dos homens às estrelas estudadas, até aos seus planetas, e ainda à menor partícula atómica, tudo está em constante movimentação e transformação. A crosta terrestre e a sua dinâmica geológica, o fluxo das correntes oceânicas e as massas de ar, também fazem parte dessa extraordinária e, por vezes, incompreensível realidade. A organização social e cultural do homem, também, como é óbvio, não está livre destas constantes transformações e adaptações. Os estilos de vida, os hábitos e os valores humanos são moldáveis e vêm transformando-se, paulatinamente, ao longo da história.

Da vida nómada, que foi colectora-caçadora, à estabelecida sociedade organizada no lunar fértil-crescente; da vida feudal da idade média, à vivência cosmopolita das grandes metrópoles de hoje; da vida greco-romana de ontem, ao estilo ocidental de agora; foram tão grandes e tão profundas as mudanças e adaptações, que não se podem ignorar nem sequer disfarçar.

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Para alguns, desde o período colonial, vivemos agora a era da globalização. A mais que evidente redução das distancias, graças aos barcos à vela e, logo depois, às locomotivas a vapor, e nesta actualidade aos aviões supersónicos, colocou em contacto culturas completamente diferentes, que se influenciam e inter-agem, simultaneamente. No entendimento de outras pessoas, que preferem o termo "mundialização", dizem: que a era da comunicação na qual vivemos, põe dianteira à frente na cultura das massas anónimas e regionais, modificando-as irreversivelmente.

Nesta nossa época, e, é mais que evidente, temos uma quantidade de informação sem precedentes. Com tanta novidade disponível, e altamente invasiva, bem como especulativa ou mesmo verídica, devemos aprender a seleccionar e a dimensionar uma quantidade de tempo que seja saudável para receber toda essa carga de conhecimento. Que isto não seja interpretado como alienação, uma vez que temos que viver a vida prática e não se pode deixar de lado muitas coisas. Mas, informações sensacionalistas ou em excesso, podem apenas piorar a situação, tirando-nos do nosso enfoque interior e do necessário e importante equilíbrio anátomo-psicológico, deixando-nos hiperestimulados, ou então, realmente perdidos e sem direcção.

Vivamos, pois, esta extraordinária época de transformação profunda, de revoluções intelectuais e científicas, de mortes e catástrofes repentinas, de incertezas e, também, de muitas exactidões desconcertantes, com a dignidade e a sabedoria de quem sabe para onde vai com o necessário desprendimento espiritual de tudo o quanto é “velho e caduco”!
Bem Hajam!
Carlos Amaral
IN Jornal "Correio dos Açores" e "A União"

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Convidado Carlos Amaral

O Autor:

Carlos Amaral, Venerável Lama Khetsung Gyaltsen

Mestre em Naturopatia;Especializado em Medicina Ortomolecular; Medicina Homeopática; Medicina Homotoxicológica; Medicina Ayurvédica e Tibetana;Doutorado em Religiões Comparadas e em Metafísica;Investigador em Psicologia Transpessoal & Regressão Memorial;Professor de Budismo, Meditação Tibetana, Raja-Yoga, Kryia-Yoga e Karma-Yoga; Autor e Palestrante.

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