Jamais me ocorreria escrever sobre este tema. Foi preciso receber um email de uma leitora do meu blogue, a sugerir que fizesse a comparação dos mapas astrológicos de Portugal referentes aos anos 1983 e 2011, usando Saturno como pivô, pois são as últimas datas em que o FMI - Fundo Monetário Internacional foi chamado a ajudar as finanças públicas do nosso país. Não vai ser fácil fazer esta análise e tirar algumas conclusões.

 Passaram  28 anos entre estes dois mapas. É quase um ciclo completo de Saturno (29,5/30 anos). E é nesta nuance que tenho andar pelo estreito caminho do meio.

Em 1983 o Saturno natal (governo, ordem, organização, métodos, Senhor dos Tempos) de Portugal recebia estes trânsitos: um excelente trígono (favorável) de Júpiter (o benfeitor do zodíaco), a facilitar a recuperação rápida do país. E assim foi: a recessão durou apenas 2 anos e em finais de 1984 Portugal recuperou e iniciou o seu progresso económico. Mário Soares tinha conseguido que a Europa nos aceitasse como membro efectivo, beneficiando com a entrada de milhões, que muito ajudaram ao salto em frente do nosso país. O empréstimo então era de 750 milhões de dólares. Comparado com os valores de hoje...

É que, na verdade, já em 1977 o país tinha recorrido ao FMI, na sequência do choque petrolífero do início da década de 70 e da instabilidade que se gerou no pós-25 de Abril. «Os programas do FMI em 1977 e 1983 em Portugal tiveram um enorme sucesso. O país cresceu.», salientou o ex-economista chefe do FMI, Kenneth Roggof. No entanto, os especialistas dizem que a crise e recessão de 1983-1984 foi a mais grave desde a II Guerra Mundial, só ultrapassada pela actual crise, a que vivemos desde 2008.

Continuando com a análise astrológica, o Saturno natal de Portugal recebia uma quadratura difícil de Neptuno. A «fartura» trazida por Júpiter, como mencionei mais acima, foi dissipada nos anos seguintes, pois com Neptuno as coisas ficam difusas, dissolvem-se. E a economia não escapa a isto.

A partir de meados da década de 80, a expansão internacional empurrou Portugal para períodos de crescimento mais animadores. Em 1985, Cavaco Silva foi eleito primeiro-ministro, herdando um país inserido na Comunidade Económica Europeia (CEE). Um período de fartura: os fundos comunitários não paravam de aterrar em Portugal, mas o país gastou mais do que produziu. Consequência? Crises cíclicas, como a que agora vivemos.

Já vimos o estado cósmico de Saturno natal em 1983. Vejamos agora como se comportava o Saturno em trânsito naquele ano. Fazia um quindecile a Mercúrio (dificuldade de comunicação com o povo); um formidável trígono a Vénus, fazendo com que apesar da má comunicação, o povo sabia que tinha que se esforçar para sair da crise. E esforçou-se. E saiu. Saturno também fazia um favorável semi-sextil a Úrano, não deixando que houvesse alterações súbitas e desiquilibradoras em momentos como este.

Percebe-se perfeitamente porque a crise de 1983 não chegou a durar 2 anos. Foi dolorosa, mas eficaz a vinda do FMI a Portugal.

Este Saturno natal, neste momento, está quase sózinho e impotente. Recebe uma severa conjunção de Úrano, não dando sossego a nada, nem ninguém. Veja-se o panorama político e percebe-se do que falo. É tudo ao mesmo tempo: eleições antecipadas, partidos a não se sentarem na mesa da troika, a quererem a todo o custo o «poder», e um longo etc. Mais uma vez temos Neptuno envolvido nestas questões, desta vez com maior suavidade, com um semi-sextil. Mas está bem presente. Falta de diálogo e entendimento.

E como está o Saturno em trânsito de 2011? Nada bem. A fazer uma oposição a Mercúrio. Nunca o povo esteve tão revoltado, mas também confuso, desagregado, sem rumo. Se não me acreditam, saiam à rua e ouçam as conversas. Saturno faz uma perigosa semi-quadratura a Úrano natal, reforçando o que disse acima: não dá sossego a ninguém. E, outra vez, Neptuno natal metido no assunto, recebendo um aspecto doce de Saturno, um semi-sextil.

A terminar: esta entrada do FMI vai ser bem mais gravosa para a população do que as anteriores. Um conselho: aqueles de entre nós, que ainda não se queixam, mais vale começarem a apertar nas despesas supérfluas porque os tempos que se avizinham serão perigosos. Até porque Plutão está prestes a ficar peregrino.

O que apavora é saber que, ao longo das últimas três décadas, tivemos todas as possibilidades e todos os fundos comunitários para criar um país desenvolvido - e chegámos a este beco sem saída. Tenho a minha quota parte de responsabilidade, pois votei em alguns deles ao longo do tempo. «Cambada!», como diz o Herman.

 

Abril 2011

Fonte: António Rosa (http://cova-do-urso.blogspot.com/)