Mesmo quando o estudo avaliou os agregados familiares que subsistem com 3,10 dólares [2,76 euros] por dia, por pessoa, as crianças continuam a ser as mais afetadas, havendo 45% de menores que vivem nestas condições, contra 27% de adultos.
Segundo a Unicef, este é um estudo que surge na sequência do relatório de referência do Grupo do Banco Mundial, “Pobreza e Prosperidade Partilhada 2016: Assumindo a Desigualdade” (na tradução para português), que concluiu que, em 2013, cerca de 767 milhões de pessoas no mundo viviam com menos de 1,90 dólares por dia, metade das quais tinham menos de 18 anos.
“As crianças são afetadas de forma desproporcionada, dado que representam cerca de um terço da população estudada, mas metade dos que vivem na pobreza extrema. O risco é maior para as crianças mais pequenas – mais de um quinto dos menores de cinco anos nos países em desenvolvimento vivem em famílias extremamente pobres”, lê-se no comunicado da Unicef.
Segundo o estudo, entre as 767 milhões de pessoas a viverem numa situação de pobreza extrema, 385 milhões são crianças com idade entre os zero e os 17 anos, enquanto os outros 382 milhões se dividem pelos adultos, a partir dos 18 anos.
Aliás, é na faixa etária entre os 18 e os 59 anos que se concentra o maior número de pessoas em pobreza extrema, havendo 337 milhões, enquanto com 60 anos de idade ou mais são 44 milhões de pessoas.
Já dentro dos 385 milhões de crianças em pobreza extrema, 122 milhões têm entre zero e quatro anos de idade, 118 milhões têm entre cinco e nove anos, 99 milhões entre os 10 e os 14 anos e 46 milhões estão na faixa etária entre os 15 e os 17 anos de idade.
O relatório resultou da análise de dados de 89 Estados, que representam 84% da população dos países em desenvolvimento, sendo que as crianças que vivem em pobreza extrema estão sobretudo concentradas na África subsariana.
Aqui, 49% das crianças vivem em condições de pobreza extrema, ao mesmo tempo que 51% de todas as crianças pobres no mundo vivem nesta zona do globo.
“Segue-se o sul da Ásia, com perto de 36%, com mais de 30% das crianças extremamente pobres a viver na Índia”, lê-se no relatório.
Por outro lado, também faz diferença se a criança vive em meio rural ou urbano, sendo que mais de uma em cada quatro (26%) das crianças em pobreza extrema vivem nas zonas rurais, enquanto nas zonas urbanas são cerca de 9%.
Conta igualmente se o país de residência vive ou não uma situação de instabilidade, sendo que 58% das crianças extremamente pobres vivem em países onde há conflitos.
As duas instituições defendem, por isso, que os governos avaliem regularmente a pobreza infantil e deem prioridade às crianças nos planos de combate à pobreza, bem como reforcem os sistemas de proteção social, deem prioridade a investimentos na área da saúde, educação, água potável ou saneamento e que moldem as decisões políticas de modo a que o crescimento económico beneficie as crianças mais pobres.
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