Tem 96 anos, sobreviveu ao holocausto e é vocalista de uma banda de death metal, apesar de dizer que não canta nada. A austríaca Inge Ginsberg, uma antiga jornalista nascida em Viena, tornou-se uma das figuras de proa dos Inge & the TritoneKings há quatro anos. Em 2015 e 2016, a banda chegou a tentar a sorte para representar a Suíça no Festival Eurovisão da Canção, mas não se conseguiu apurar para o certame musical.

"Eu não sei cantar. Não aguento uma nota. No heavy metal, as coisas funcionam porque eu só tenho de dizer as palavras [da letra]", assume a vocalista do grupo. Foram os amigos que a convenceram a entrar para a banda. "A dada altura, ninguém me queria ouvir. A sociedade não está interessada em ouvir os mais velhos", criticou publicamente num documentário, produzido em Nova Iorque, que conta a sua história.

Inge Ginsberg
Inge Ginsberg

Além de dar voz aos temas dos Inge & the TritoneKings, também compõe muitas das canções que canta. "No death metal, não há propriamente poemas, são mais mensagens", justifica Inge Ginsberg. Nascida em 1922, filha de uma abastada família de judeus, teve uma infância de sonho. "Vivíamos muito bem, na cidade. Tínhamos empregados e uma vivenda para os fins de semana", recorda. Depois, vieram os nazis e tudo mudou.

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O pai fugiu para Inglaterra e ela foi com a mãe para a Suíça, com a ajuda de um amigo da família que, para a ajudar na fuga, lhes exigiu todas as joias da família. Acabaram num campo de refugiados. Mais tarde, trabalharia como espia para os serviços secretos norte-americanos. No fim da guerra, conheceu o marido, o compositor musical Otto Kollman. Emigraram para os Estados Unidos da América e fixaram residência em Los Angeles. Ela, que em criança tinha aprendido a tocar piano, chega a compor para Nat King Cole, para Doris Day e para Dean Martin.

Na década de 1950, já com uma filha, Inge Ginsberg cansou-se da vida que levava em Hollywood e regressou à Áustria, onde trabalhou como jornalista. Mais tarde, voltaria para os EUA. Vive hoje nos arredores de Nova Iorque. "Esperava encontrar uma casa cheia de coisas dos Metallica mas não encontrei nada disso. Foi como se tivesse ido visitar a minha avó", escreveu no The New York Times Leah Galant, autora do documentário.

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