O artigo, da autoria da socióloga Margarida Barroso, analisou as “Desigualdades ocupacionais na dimensão relacional do trabalho”, com base em dados do Inquérito Europeu às Condições de Trabalho, que integra 34 países.
Em Portugal, a amostra do ano de 2010 foi de 1.000 inquiridos. Em 2015, foi aplicada uma nova ronda do inquérito, mas os dados ainda não se encontram disponíveis à comunidade científica.
A investigação analisou “como a precarização das relações de emprego, e mais concretamente, o sentimento de insegurança no trabalho, pode estar associado a dificuldades no estabelecimento de relações estáveis e cooperativas entre colegas”.
Segundo os dados do Inquérito Europeu às Condições de Trabalho de 2010, mais de 50% dos trabalhadores afirmam trabalhar em equipa na maior parte do tempo.
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Contudo, esta é uma realidade diferenciada por país: Turquia (30,9%), Grécia (40,4%) e Portugal [42,4%] são os países europeus onde menos se trabalha em equipa, “onde os valores desta forma de organizar o trabalho não chegam aos 50%”, refere o estudo.
Pelo contrário, na Noruega e na Suécia, o trabalho em equipa abrange mais de 70% dos inquiridos.
Na Europa, os menores níveis de trabalho em equipa encontram-se no grupo dos operários, artífices e trabalhadores similares, abaixo dos 30%, seguindo-se os trabalhadores das forças armadas e os trabalhadores não qualificados.
Já os quadros superiores da administração pública, dirigentes e quadros superiores de empresa encontram-se no outro extremo, com valores acima dos 80%.
Em 14 dos 34 países da amostra, os níveis de apoio por parte dos colegas são superiores aos níveis de amizade no trabalho, mas nos restantes dez, nos quais se incluem Portugal, Grécia Itália, Suécia e Reino Unido, “os contextos de trabalho amigáveis não implicam necessariamente mais suporte social”.
Em Itália, na Alemanha e na Polónia, menos de metade dos trabalhadores inquiridos diz contar com o apoio das chefias, quando necessita, por oposição a Malta, a Chipre e à Irlanda, onde estes são mais de 80%.
Em Portugal, 65% dos inquiridos disseram ter o “apoio da chefia”, 85% relataram ter “bons amigos” no trabalho e 78%, o “apoio dos colegas”.
Os resultados demonstram que “os níveis de suporte no quotidiano de trabalho variam de acordo com as ocupações, sendo que as mais qualificadas, que se encontram no topo da classificação das profissões, tendem a beneficiar de maior apoio de colegas e chefias”.
Demonstram também que “as relações interpessoais mais débeis, onde há menos apoio de colegas e chefias, e menos relações de amizade, correspondem aos grupos profissionais onde a insegurança do emprego é mais elevada”.
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