O mar está a mudar de cor e, no final deste século, a sua tonalidade deverá ser muito diferente daquela que vemos hoje, alertam especialistas. As alterações climáticas estão a afetar o fitoplâncton marinho, as substâncias de origem vegetal que servem de alimento aos animais subaquáticos. O aviso é dado por um grupo de investigadores de universidades europeias e norte-americanas nas conclusões de um novo estudo.
A subida das temperaturas médias altera o espetro de luz solar refletida e altera a composição desta substância. A sua distribuição nas águas também acaba por ser afetada. Os organismos presentes neste fitoplâncton utilizam clorofila para processar a energia solar, um processo que acaba por conferir um tom mais esverdeado à água. No fundo, o verde e o azul continuará a predominar, mas existirão diferenças.
Segundo um novo modelo cromático desenvolvido pelos especialistas internacionais para avaliar a forma como as alterações no meio ambiente estão a afetar a vida nas profundezas dos oceanos, as tonalidades atuais serão substituídas por outras, na sequência do aumento global das temperaturas e também da poluição. As alterações terão implicações em toda a cadeia subaquática. Se não forem reduzidos os atuais níveis de dióxido de carbono atualmente emitidos, até ao fim do século a temperatura da água deverá subir cerca de 3º C, uma situação que terá consequências ainda mais gravosas.
"O aquecimento dos oceanos altera a circulação oceânica e a porção [de águas] do oceano profundo emerge à superfície. O fitoplâncton necessita de luz, que é a sua fonte de energia, assim como de nutrientes. E a maior parte deles vem das profundidades [do mar]", justificou já publicamente Stephanie Dutkiewicz, investigadora do conceituado Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos da América.
Segundo a coordenadora do estudo, divulgado pela publicação Nature Communications, "as alterações que se estão a produzir estão a fazer com que cheguem menos nutrientes à camada superficial [do mar], pelo que o mais provável é que o fitoplâncton diminua em muitas zonas", alerta a especialista em biogeoquímica marinha. A poluição crescente, que pode ver na galeria de imagens que se segue, só agrava o problema.
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