Obcecada por água desde sempre, a fotógrafa havaiana Christy Lee Rogers é uma pioneira na fotografia subaquática. Ao longo dos anos, foi desenvolvendo um estilo e uma técnica que lhe têm grangeado prestígio internacional. Para conseguir executar o trabalho singular, tem de aproveitar o processo de refração da luz que ocorre entre a superfície e as várias camadas de água que usa para conseguir os seus intentos.
O seu intuito é explorar a fragilidade da existência humana relativamente aos elementos que envolvem tudo o que nos rodeia. No seu mais recente trabalho artístico, intitulado "Muses", Christy Lee Rogers comprova-o através de redemoinhos de figuras humanas entrelaçadas entre roupas fluídas, como pode ver de seguida. A intensidade dramática destas fotografias faz recordar os traços da pintura barroca do século XVII.
Os cenários da sua infância influenciam decisivamente a sua obra. "Cresci rodeada de água, na ilha de Oahu, no Havai. Quando me senti, pela primeira vez, atraída pelas dicotomias da liberdade, da leveza, do espaço e da serenidade que a água nos permite, em contraponto com a incapacidade de respirar, a vulnerabilidade, a pressão e o caos, encontrei uma ferramenta poderosa para expressar essas manifestações da vida", diz.
"Estamos todos ligados à água, somos feitos de água, a vida é-nos dada pela água… Nós tomamo-la por garantida e poluímos os mares e os rios como animais", critica Christy Lee Rogers, que já não se vê a criar de outra forma. "As minhas imagens só se tornam possíveis tendo a água como ferramenta, como no filme [da] Moana, onde a água vem à vida", admitiu em declarações ao site de uma comunidade artística.
Segundo a fotógrafa, que confessa ter uma mente caótica, a inspiração chega-lhe de todos os lados. A música, o cinema e a poesia são, a par da natureza, do antigo folclore, da mitologia grega, da obra literária de J. R. R. Tolkien, dos ideais renascentistas ou dos filmes de Federico Fellini, forças vitais na sua criação. "Mas a minha principal inspiração é a beleza e a loucura da humanidade, inclusivamente a minha", admite.
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