"Trocámos uma série de e-mails, fizemos uma análise de mercado, comparámos ideias e tivemos uma última reunião antes do lançamento da operação 'Dia da Mulher'", explica à Agência France-Presse (AFP) Serguei Krajmaliev, funcionário do banco Rosbank.
"Este ano, decidimos não gastar dinheiro com presentes inúteis e vamos organizar um buffet", revela.
Juntamente com os oito homens que fazem parte da equipa - contra as 35 mulheres -, Serguei gastará cerca de 400 euros. "É caro", admite, mas "é uma tradição soviética que eu acho importante preservar".
O dia 8 de março, decretado feriado em 1965 pela URSS, permite aos homens "lembrar a importância das mulheres na sociedade", diz ele.
Irina, diretora de recursos humanos de uma grande empresa russa, lembra-se do tempo em que "a empresa reservava um grande orçamento para esta festa e convidava até 500 mulheres para o restaurante."
"Foi antes da crise económica de 2008. Agora, os homens colaboram entre eles para nos presentearem com flores e bombons", explica.
Esta festa "melhora o ambiente dentro da equipa", considera. "Tem um aspecto 'team building' que é geralmente benéfico".
Dar e receber
Na Rússia, o Dia da Mulher é precedido pela versão masculina que se assinala a 23 de fevereiro, onde as mulheres desejam aos homens um bom dia como "defensores da pátria".
Para Vitali Kroniaiev, gerente de projetos em Saratov, no sul da Rússia, "é um dar e receber. Como este ano as minhas colegas não me ofereceram nada, então podem esperar sentadas no dia 8 de março", diz.
"De qualquer forma, esta festa só faz sentido se oferecermos flores às mulheres que amamos e respeitamos, não aquelas a que somos obrigados a ver no trabalho", afirma indignado, lembrando que gasta cerca de 16 euros por bouquet.
O preço das flores, um presente muito apreciado pelas mulheres russas, aumenta para o dobro quando se aproxima o Dia da Mulher. O mesmo se verifica com as encomendas, explica a florista Florence Gervais d'Aldin, instalada na Rússia há mais de 20 anos.
Especializada em rosas de jardim e flores perfumadas, a sua empresa "Fada das Rosa" vende nos dias 7 e 8 de março mais de oito mil unidades, em comparação com as habituais 600 diárias.
"É como se somasse o Dia da Mãe e o Dia dos Namorados", refere a florista, para quem a devoção dos russos por esta comemoração "supera de longe" a pelo Dia dos Namorados.
O dia 8 de março na escola
Bolos, balões, cartões e até espetáculos: Sasha Kuznetsov tem de organizar uma festa para as meninas da sua sala de aula.
"Eu acho que esta festa deve existir, mas não deveria ser comemorada com tanta pompa e circunstância", considera esta criança de 11 anos. "De qualquer forma, em breve vai deixar de ser comemorada, porque os direitos das mulheres serão respeitados".
"Os russos estão habituados a esta festa desde que nasceram, mas para nós, ainda é um pouco estranho", admite Samuel, um francês que trabalha no banco russo Sberbank.
Designado pelos colegas russos como "voluntário" para ajudar na organização desta data no seu local de trabalho, recorda com humor as "reuniões intermináveis e planos" para o Dia da Mulher, que no ano passado custou aos companheiros cerca de 2.500 euros.
"É a oportunidade de fazer algo para as minhas colegas russas", resume, admitindo que, em geral, a festa pode ser um pouco "kitsch" (de mau gosto): "Certas coisas fariam com que as mulheres francesas tivessem vontade de arrancar os cabelos", brinca.
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