Quando pinta, segue a sua intuição e aquilo que as manchas lhe ditam. Sim, é verdade, são as manchas nas paredes, nas pedras e as que Mariana Dias Coutinho faz em papel que ditam o traço das suas figuras humanas, os sujeitos constantes das suas composições artísticas, que pode visualizar aqui. Conheço pessoalmente Mariana Dias Coutinho no seu ateliê, depois de ter falado com ela algumas vezes por telefone. Vou em branco para a entrevista.
As minhas pesquisas goraram-se praticamente infrutíferas e, além de alguns dados pessoais e de um breve resumo profissional, sabia muito pouco sobre ela. Quase a fazer 36 anos e mãe de três crianças, é um dos novos nomes da arte urbana, embora já tivesse começado, desde há alguns anos, a expor as suas pinturas e as suas esculturas. Formou-se em conservação e restauro pela Universidade Nova de Lisboa, mas esteve inclinada para escultura na de Belas Artes.
Foi a inquietação dos pais relativamente ao seu futuro que a levou a optar por uma carreira mais segura. «Senti alguma preocupação da parte deles por isso, na altura de decidir, levei isso em conta, mas, hoje, acho que perdi tempo, já devia ter começado mais cedo», conta. Mas, em boa hora, a sua arte encontrou um espaço dentro de portas, através do desenho, da pintura e da escultura, e fora de portas, nos muros de Lisboa e Santarém.
O local perfeito para falar de arte
E, afinal, a licenciatura em conservação e restauro acabou por revelar-se útil, uma vez que Mariana Dias Coutinho vai buscar parte dos conhecimentos adquiridos para desenvolver alguns dos seus trabalhos, nomeadamente aqueles que executa em pedra. É entre as paredes de um palacete antigo e decadente, bem em frente ao Museu de Arte Antiga, que tem o seu ateliê. Nas paredes há esboços de desenhos sobre aquilo que o velho edifício lhe foi oferecendo, como as manchas de humidade a partir das quais fez um desenho e à volta do qual colocou uma moldura.
Pedaços de xisto com desenhos, pinturas mais recentes e mais antigas dão aconchego a estas duas pequenas salas, num espaço que é partilhado com outros artistas plásticos, como Sara, uma mão de ajuda quando Mariana Dias Coutinho pinta murais. Com ela convivem fotógrafos, arquitetos paisagistas e até cães, com os quais nos cruzamos pelos corredores. E este local, que já foi uma antiga escola, é perfeito quando se quer falar de arte.
Esteve inclinada a seguir escultura e acabou por optar por conservação e restauro. Porquê escultura?
Era o que eu queria na altura. A escultura sempre foi a área com a qual me identifiquei mais na altura, agora faço um pouco de tudo. Por acaso, agora vou ter uma exposição na ArtInzo e é só escultura.
E como é que chegou à pintura e ao desenho?
Quando trabalhava em restauro, fiz algumas formações na Ar.Co, sobretudo de desenho da figura humana. Depois, há alguns anos, percebi que o restauro já não me trazia a satisfação pessoal que eu gostaria e com a família e o meu marido a puxarem por mim, resolvi dedicar-me completamente às artes plásticas. Fiz uma exposição que correu muito bem e comecei a ver-me como artista e a ver isto como uma profissão.
Veja na página seguinte: A evolução do percurso de Mariana Dias Coutinho
Mas continuou sempre a produzir escultura, pintura, desenho, tudo em simultâneo. Não há nenhuma área que se destaque?
A escultura é uma área à qual só não me dedico mais porque é muito trabalhosa e, quando estou a fazer esculturas, não dá para fazer outras coisas. Agora, parei com as outras, estou só a fazer escultura.
E a arte urbana, como é que surgiu?
Surgiu quando fiz uma exposição em maio de 2013 e sugeri à Salomé, que é quem gere este espaço, pegar no muro que existe por trás da casa e fazer uma intervenção. Como estava a começar uma série nova com manchas, achei que podia levá-la para a rua e como o muro era todo manchado, dava para criar à volta dessas manchas.
A arte urbana que faz é pintada?
Sim. Olho para o suporte, seja ele qual for. Se for papel, sou eu que faço as manchas. Se for uma pedra, olho para as manchas que ela tem, pego no pincel preto e desenho aquilo que vejo a partir dessa mancha. Não adiciono muito tinta e não trabalho com sprays. Uso só tinta preta e sombras e às vezes raspo as paredes para criar fundo. Posso por vezes usar cores claras para criar luzes.
Este mural aqui na rua do Olival foi o primeiro?
Sim. Depois, como tive de falar com a GAU [Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa] por causa do trabalho, convidaram-me para integrar o muro azul, aquele à volta do Hospital Júlio de Matos. Finalmente, as pessoas perceberam que é uma maneira de dar a volta à cidade. A partir do momento em que se trabalha na rua a visibilidade também aumenta. E eu não uso um nome artístico como quem faz arte urbana.
Porquê?
Porque sou uma artista plástica e quero dar visibilidade ao meu trabalho. A arte urbana é só mais uma expressão deste trabalho. É o poder atingir escalas que no estúdio não consigo atingir. Tenho amigos que não faziam a mínima ideia daquilo que eu fazia. A seguir ao muro azul fui convidada para pintar outro mural na Graça, sobre as poetisas que viveram naquela zona, que está a ser feito em parceria com a GAU e com a Urban Collective, perto do Miradouro da Senhora do Monte.
De seguida, fiz outro na Graça. Tenho mais dois em Santarém, o primeiro surgiu porque fiz lá uma exposição e quis novamente criar aquela ligação entre o interior, a exposição, e o exterior. Depois, a Câmara Municipal de Santarém convidou-me para criar um segundo mural.
Quais as dificuldades, quando se pinta na rua? Como é que se processa? Faz um desenho?
Não, é essa a diferença na minha arte de rua. A minha metodologia é diferente. Parto daquilo que tenho na parede e das manchas e tudo o que faço é a medida que vou fazendo. Olho para uma imagem e vejo um olho, um nariz e a partir daí vou criando e só no fim é que vejo o resultado. Posso tirar uma fotografia, ver uma mancha e, quando muito, o que posso decidir é por onde vou começar.
Veja na página seguinte: O tempo que demora a produzir um mural
Quanto tempo é que habitualmente gasta num mural?
O da Graça demorou três dias, foi o que demorou mais. Geralmente, tento delinear o desenho e fazer tudo num dia, nem que tenha de fazer uma direta. Depois, vou no dia seguinte e faço pequenos acertos.
Mas faz e vai tirando fotografias para ver ou afasta-se?
Vou fazendo e afasto-me para ver como está a correr. É uma espécie de dança. Porque a dimensão também é maior. Sim e só com o afastamento é que consigo ver tudo, como é que está a correr.
Tem uma afirmação sobre o seu trabalho em que refere «Trabalho como um monólogo»…
Porque sou só eu, eu e eu. Sou eu que decido, sou eu que penso. Não envolvo ninguém nem outras coisas…
Por isso, também diz que é uma ligação entre o pensamento e a intuição?
Sim, existe uma ligação. Vou criando sem pensar, por isso, recorro muito ao imaginário, às imagens da infância, ao fantástico, ao sonho, às fábulas. Tudo isso tem influência, mas de uma forma natural, sem ser programada, vou desenhando sem pensar. E a figura humana é sempre o sujeito.
Porquê a figura humana?
Sempre foi, desde pequena. Até há pouco rejeitava esta minha forma de desenhar, meio deformada, mas depois comecei a ver melhor o seu valor. Mas não gostava delas. São deformadas, fazem coisas com o corpo que não é possível fazer.
E porque é que as faz desta forma?
Porque é a mancha que me dita que elas sejam assim... Depois fecho a forma com o meu desenho. Quem está cá fora não percebe que existe ali uma mancha que me dita o desenho, mas é essa forma que me guia…
Tinha uma relação difícil com aquilo que criava?
Tinha, porque como tinha o restauro por trás, o fazer tudo certinho, direitinho… Era um bocado obsessiva com isso. Foi só com o tempo que aprendi a gostar e a valorizar. E agora, quando faço alguma coisa muito direitinha, tento contrariar… [risos]
Mas olhava para o que produzia e não gostava?
Não era uma rejeição tão grande. Mas acabei por ficar satisfeita com esta minha descoberta porque as pessoas me associavam muito à Paula Rego. Claro que fico contente que me comparem a ela, porque gosto muito do seu trabalho, mas é sempre bom termos uma linguagem própria e agora já consigo mais isso do que nessa fase inicial, mas que foi importante no meu percurso. As figuras mais recentes são mais distorcidas.
Veja na página seguinte: Os artistas que mais influenciam Mariana Dias Coutinho
Mas quando via as imagens da sua fase inicial sentia-se insatisfeita?
Nunca rejeitava totalmente as minhas obras por completo mas era mais insegura. Achava que não estava totalmente bem e que podia não agradar totalmente aos outros. Agora, já descobri que é o meu universo. Sou eu, faço isto a brincar e rio-me muito porque me surpreende, porque nunca sei o que vai resultar no fim, rio-me muito, acho que é cómico, acho que tenho humor no meu desenho.
Falou na Paula Rego. Que outras artistas a influenciam?
Gosto de Egon Schiele, Antony Gormley, Picasso, Van Gogh… Gosto do Renascimento, dos clássicos, da mitologia.
Há uma apresentação do seu trabalho, feito por uma amiga, que remete para Hieronymus Bosch, El Bosco. Identifica-se com este pintor?
Gosto muito de ir ver as «Tentações de Santo Antão» de Bosch ao Museu de Arte Antiga. Atrai-me muito as coisas que não percebemos bem, que deixem em aberto as ideias para nós construirmos o que quisermos e na minha pintura também funciono assim. Por isso é que me associam também com a Paula Rego, porque apresento uma carga narrativa, acho que se consegue olhar e construir uma história. Todos os pintores que têm isso e são figurativos acabam por interessar-me.
Dentro da arte urbana, quem é que segue?
Hoje em dia, faço questão de seguir, mesmo que não goste muito. [risos] Gosto do Vilhs, do Add Fuel (Diogo Machado), da Tamara Alves, do Mário Belém e da Leonor Brilha.
Existe espaço para estes artistas em Portugal?
Acho que sim. De repente, começou-se a criar uma dinâmica maior à volta destes artistas e da arte urbana e a nossa cidade tem muito potencial, muito muro para pintar, muitos percursos que se podem criar.. E acho que esta arte abre uma janela de interesse para as pessoas começaram a olhar para a cidade de outra maneira.
Mas, por outro lado, é uma arte efémera, porque está em muros ou edifícios que podem ser deitados abaixo…
E é engraçado esse lado efémero. As fotografias do que faço ficam, mas também me arrisco um dia a chegar lá e estar pintado com spray, mas acho que faz parte, está na rua. É uma arte dinâmica. Esta é uma arte em crescimento. Lisboa é uma cidade referência em termos de arte urbana… É a oitava cidade da Europa, porque temos muitos artistas e muita parede... E é uma cidade maravilhosa, porque mesmo as coisas saindo mal, ficam bem.
Vive da arte. É fácil?
Se fosse mãe solteira, com três filhos, seria difícil. É bom poder dividir as contas com o meu marido. Mas estou numa fase de crescimento e espero que continue. Faço questão de fazer duas exposições por ano, porque é importante revelar o meu trabalho e não estar só no ateliê. As mais recentes correram muito bem, acho que há espaço, mas às vezes é um pouco difícil entrar no meio.
Se não se fez determinadas escolas e um percurso académico normal, uma pessoa como eu, que sou um pouco autodidata, que fiz um percurso diferente, embora também tivesse feito o Ar.Co, onde fiz desenho e pintura, pode ser um pouco difícil. É como qualquer outra profissão, se não formos nós a lutar pelas coisas, não vamos conseguir fazer muito.
Veja na página seguinte: Os materiais que a artista plástica utiliza para desenhar
Dizia há pouco que estava num processo de aprendizagem. Acha que chegará a um ponto em que poderá dizer que está satisfeita?
Acho que não, seria mau sinal… [risos] É bom procurarmos sempre novas maneiras de encarar o trabalho, novos spots, novas formas de pintar, de desenhar, de ilustrar e isso também nos dá um certo gozo.
Também dizia que pinta a partir de manchas que encontra em pedras e nos muros. Já lhe aconteceu estar de férias e olhar para uma parede e pensar que poderia fazer ali alguma coisa?
Tenho imensas dessas vontades, mas sou muito certinha… [risos] Só faço as coisas com licenças. No entanto, dá-me muita vontade de andar por aí com carvões a desenhar. Como ando muito a pé, porque tenho a minha vida toda aqui, junto ao rio [Tejo], estou sempre a ver manchas. E aqueles cimentos a tapar buracos nas paredes são provocações diárias.
Habitualmente faz os desenhos em carvão e depois pinta?
Não, pinto diretamente com pincel e tinta. Se ocorre um erro é aproveitá-lo e seguir outra linha. Tento não pensar muito, não quero que isto seja muito racional, quero que seja muito intuitiva e vê-se que o resultado é uma coisa fluida, que sai naturalmente.
Qual foi o mural que mais gostou de fazer?
O que pintei na LX Factory, numa fachada com umas escadas. Foi difícil a logística porque foi preciso montar um andaime e eu nunca tinha pintado dessa forma.
Nota diferença entre o primeiro e o mais recente?
Vejo logo como pode resultar, sou mais rápida na decisão. Depois já tenho alguns truques que vou aprendendo e tudo isso faz parte da evolução da técnica ao novo suporte que é a parede e os muros. Confesso que no primeiro tinha uma ideia diferente e saiu outra coisa. A ideia era projetar desenhos que já tinha feito e mostrava numa exposição, contudo não me estava a correr nada bem.
Estava com o meu marido, à noite, para não estar sozinha, e ele estava com o projetor e disse-me às tantas «Mariana, porque é que não fazes como fazes com o papel, fazes simplesmente?». «Tens razão, vamos arrumar o projetor», respondi. Agora, vê-se que há dois momentos diferentes. Um mais contido e mais rígido e o outro, mais livre.
Veja na página seguinte: A relação com os filhos
Quando vê uma mancha, idealiza o desenho à volta dela e tudo o resto é o que vai surgindo ou olha para o que vai fazer como um todo?
Como um todo, consigo ver as manchas a partir das quais vou trabalhar, intervencionar. Mas não sei qual vai ser o resultado, porque sempre que ponho o pincel na parede fica uma marca definitiva, basta estar numa posição má e o resultado já é diferente. O que ficou é aproveitar, é continuar. O melhor é desligar a cabeça e ter toda a liberdade para criar.
No caso do papel, uso a água da limpeza dos pincéis, água raz ou de base aquosa que vou vertendo no papel no chão e isso vai criando uma mancha. É a partir daí que vou criando. Por isso, as manchas são completamente diferentes. A única coisa em que penso é nas cores. O resultado é sempre surpreendente, porque algumas coisas surgem sem eu esperar e acabam por influenciar o desenho.
A Mariana tem três filhos…
Sim, a Inês com 8 anos, a Caetana com 6 e o Simão com 2 anos e meio.
Eles gostam de a ver pintar?
Acham o máximo! A Inês tem muito jeito e acho que vai seguir este caminho. Diz que quer ser artista plástica e que vai fazer uma exposição e anda sempre com os desenhos.
E a Mariana incentiva?
Sim, porque não sou muito de brincar com bonecas e carrinhos. Chego, coloco as coisas em cima da mesa e pergunto «Embora fazer projetos?». Eu quero é que eles sejam felizes, por isso, incentivo. Sempre tive muito apoio dos meus pais e ainda hoje ajudam-me muito e apoiam-me. Senti alguma preocupação da parte deles e levei isso em conta na altura de decidir, mas acho que perdi tempo, já devia ter feito mais cedo, mas são opções. Também casei, tive filhos, foi importante estar mais disponível.
Não podemos fazer grandes planos, vive-se no dia a dia, mas sou feliz e acho que lhes transmito isso e é o mais importante. As pedras, por exemplo, comecei por causa da Inês, porque ela estava farta de não fazer nada nas férias e eu sugeri apanhar umas pedras para pintar. Lavámos as pedras e ficaram a secar. Um dia, estou a olhar para elas, peguei numa caneta, comecei a desenhar e fiquei com elas todas… [risos] O restauro ajudou-me muito, porque permitiu-me saber como conservar as pedras, porque como são de xisto, podem laminar e quebrar.
O que é que gosta de fazer quando não está a pintar ou a desenhar?
Durante a semana, se não venho para o ateliê e se não tiver exposições, vou a galerias e dou voltas. Muitas vezes, sento-me numa esplanada ou num café e desenho. Ao fim de semana, gosto de ir com eles para os jardins da Gulbenkian e estamos cada um no seu canto a desenhar, ao ar livre. E vamos muito para o Alentejo, porque os meus avós dos dois lados eram de lá. Temos uma casa ao pé da barragem de Santa Clara e passamos lá umas temporadas e fins de semana.
Veja na página seguinte: As palavras com que a artista (não) define o seu trabalho
Quando se quer exprimir, consegue fazê-lo através dos desenhos?
Não, porque isto não são coisas que sinto, são histórias que quero contar, tem sempre um bocadinho meu, os narizes são sempre parecidos com o meu. Mas sou bem resolvida e não sou conflituosa, as coisas comigo resolvem-se sempre a bem. A arte que eu faço é uma coisa que me entretém, que gosto de fazer para terceiros e que esses terceiros comprem… [risos]
E livros, filmes, música, o que gosta de ver e de ouvir?
Sou viciada em música e gosto de ouvir coisas de adolescentes quando estou a pintar. Gosto de músicas que possa cantar aos berros e dançar. Às vezes, fico envergonhada quando entra alguém e eu estou a ouvir aquelas músicas… [risos]
Se tivesse de escolher duas ou três palavras para definir o seu trabalho, quais seriam?
Não consigo explicar, é muito intuitivo... Há relações humanas, com alguma tensão. A figura humana é central e estão sempre despidas, porque o corpo humano é maravilhoso. Às vezes, ponho umas saias, mas elas estão a levantar as saias. Por causa disso, já tive uns episódios engraçados com os muros. Como é uma coisa legal, é preciso pedir autorização aos proprietários.
Quando a dona é a câmara, há liberdade total para se criar ou quando são instituições que estão a promover o trabalho mas, quando o muro é de um particular, eles impõem restrições e é sempre com a nudez. Às vezes, explico que nas figuras não existe um cariz erótico. No mural da Graça, por exemplo, pediram-me contenção e eu perguntei «Contenção, como? Não posso pintar o nu? Pronto, vou tentar controlar os meus impulsos»… [risos]
Obriga a uma ginástica…
Obriga e eu faço porque sou fácil… [risos] Posso fazer uma figura, nua, de costas. Pode estar de outra forma sem chocar.
Texto: Helena Ales Pereira
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