Um resultado positivo do teste serológico Ac. SARS-CoV-2 IgG e IgM revela apenas que fomos expostos ao vírus. Se predominarem os anticorpos IgM, a infecção está a decorrer ou é recente. Se estes desaparecerem e existir um teor significativo de anticorpos IgG, tal significa que houve doença anterior (sintomática ou assintomática).
Ainda não está provado se os anticorpos conferem alguma imunidade. Está comprovado que existe uma correlação entre níveis elevados de anticorpos e um possível nível de proteção face a outra infeção com o mesmo vírus, com base em estudos realizados em laboratório in vitro.
Ainda não se conhece a situação em seres humanos, ou seja, se indivíduos novamente expostos ao vírus estão ou não protegidos e durante quanto tempo. Estudos realizados em macacos revelam que ficam mais protegidos perante uma nova exposição, mas não existe ainda informação durante quanto tempo, apesar de se acreditar que seja entre os 3 e os 6 meses.
Um doente pode ter uma infeção perfeitamente ativa, ser portador do vírus e transmiti-lo a outras pessoas e ainda assim ser negativo para os anticorpos, pois estes só aparecem mais tarde.
O anticorpo da classe IgM é detetável, na maioria dos casos entre 7º-10º dia, embora nos casos mais graves possa ocorrer entre o 3º e o 5º dia após o início dos sintomas.
O anticorpo da classe IgG é detetável entre o 10º e o 20º dia depois do início dos sintomas. Têm surgido casos atípicos de pacientes que tiveram infeções comprovadas mas que ainda tem níveis elevados de IgM passados 2 meses.
Dada a existência de muitos casos clínicos assintomáticos, só agora com os testes serológicos é que se começa a perceber qual é a percentagem da população que teve ou não infeção por SARS-CoV-2 (COVID19).
Os testes serológicos ao determinarem a prevalência de anticorpos IgG na população portuguesa, mostram uma realidade mais concreta face à situação epidemiológica no país. Estes dados são cruciais para fundamentar decisões futuras e avaliar a possibilidade de imunidade coletiva. Até esta existir, há que continuar a cumprir com as normas da Direção Geral de Saúde, como usar máscara, lavar as mãos frequentemente e evitar aglomerações.
Um artigo do médico Germano de Sousa, especialista em Patologia Clínica
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