As células são a menor unidade de matéria do corpo humano. Qualquer órgão ou tecido humano é constituído por milhões de células especializadas, como por exemplo, células do músculo cardíaco, células nervosas, glóbulos vermelhos ou células da pele.

As células estaminais, também chamadas células precursoras ou células mãe, são células com capacidade para darem origem às células especializadas que constituem os tecidos e órgãos do nosso corpo. Esta especialização acontece ao longo de toda a vida.

Estas células possuem características únicas: permitem a reparação de tecidos danificados e a substituição das células que vão morrendo, sendo, por isso, tão importantes no tratamento de diversas doenças. Entre as principais características destas células, destacam-se:

  • Diferenciação: a capacidade para se transformarem em diferentes tipos de células especializadas em determinadas funções;
  • Autorrenovação: a capacidade de criarem novas células estaminais;
  • Proliferação: a capacidade de se dividirem indefinidamente.

A criopreservação das células estaminais do cordão umbilical permite que fiquem disponíveis pelos próximos 25 anos e que possam ser utilizadas imediatamente, pelo próprio ou por algum familiar compatível, no tratamento de várias doenças.

Hoje em dia, são já mais de 80 as doenças em cujo tratamento podem ser utilizadas células estaminais do sangue do cordão umbilical, das quais se destacam as doenças oncológicas, hemoglobinopatias, doenças metabólicas, imunodeficiências e deficiências medulares, entre outras.

Crioestaminal

Com 17 anos de experiência, a Crioestaminal foi o primeiro banco familiar de criopreservação de células estaminais da Península Ibérica.

Atualmente integra o grupo líder em células estaminais na Europa, com mais de 450.000 amostras de células estaminais recolhidas e criopreservadas.

É também o banco familiar português como mais amostras utilizadas em tratamentos, tendo já libertado 88 amostras de células estaminais do sangue do cordão umbilical para tratamentos, 10 das quais de crianças portuguesas no âmbito de diferentes doenças. Estes tratamentos foram realizados, não só em Portugal, mas também no estrangeiro, o que revela a qualidade dos seus processos e a segurança que os mesmos garantem às equipas médicas que recorrem às células estaminais guardadas na Crioestaminal.

Em que consiste a criopreservação das células estaminais?

A criopreservação permite que as células estaminais estejam disponíveis a qualquer momento, podendo ser facilmente descongeladas, para utilização em caso de necessidade, no tratamento de várias doenças. A criopreservação consiste em conservar as células estaminais por longos períodos de tempo, a baixas temperaturas (-196º C), sem que estas percam a sua viabilidade. Atualmente, as células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical são armazenadas durante 25 anos, pois é este o período em que, de acordo com estudos recentes, a viabilidade celular é assegurada.

A probabilidade de vir a necessitar de um transplante hematopoiético aumenta ao longo da vida. Existem dois tipos de utilização das células estaminais: a autóloga e a alogénica.

Na utilização autóloga, são utlizadas as células estaminais do próprio dador. Esta opção é preferida nas doenças que podem ser tratadas com células estaminais do próprio por evitar complicações de incompatibilidade. Nos transplantes hematopoiéticos com medula óssea e sangue periférico a utilização autóloga é mais comum do que a alogénica.

Na utilização alogénica, o doente é tratado com células estaminais de outra pessoa compatível. O dador, pode ser familiar ou não do doente. Contudo, o sucesso do transplante é superior quando ambos (dador e doente) são familiares. Importa referir que a compatibilidade entre irmãos é de 25%.

COVID-19 e células estaminais

A Crioestaminal, produziu recentemente um medicamento experimental à base de células estaminais mesenquimais, como as que se encontram no tecido do cordão umbilical,  para tratar doentes mais graves com COVID-19.

A utilização deste tipo de células para tratar doentes com pneumonias graves associadas a COVID‑19 tem vindo a ser testada na China, EUA e em alguns países europeus, estando já em curso mais de 20 ensaios clínicos para estudar de forma alargada a segurança e eficácias desta terapia.

Resultados de estudos recentes, conduzidos na China e nos EUA, revelaram uma reversão notável dos sintomas associados à doença, mesmo em condições críticas.