A asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas que atinge cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. A grande maioria dos asmáticos apresenta formas ligeiras ou moderadas da doença que podem ser controladas através da terapêutica com corticoides inalados (anti-inflamatórios), associados ou não a broncodilatadores.

A asma grave ocorre em cerca de 5-10% dos asmáticos e em Portugal, estima-se que afete cerca de 20 mil portugueses com idades superiores a 12 anos, sendo mais comum entre os adultos.  É uma doença extremamente heterogénea e integra um conjunto de muitos subtipos. Caracteriza-se, frequentemente, por uma resposta insuficiente à corticoterapia inalada.

Os doentes com asma grave constituem um importante desafio para o sistema de saúde, contribuindo para mais de 50% dos custos com asma e responsáveis pelo recurso a consultas não programadas, idas ao serviço de urgência, pela maior parte dos internamentos e algumas mortes por asma.

A que sintomas estar atento?

Se tarefas como ir às compras, caminhar, subir escadas ou brincar com os filhos podem revelar-se impossíveis… Assim, a asma deve estar controlada devido ao grande impacto que a asma poderá ter no quotidiano dos doentes, não apenas a nível do bem-estar físico, mas também psicológico e social.

Os sintomas associados à asma podem ser incapacitantes, nomeadamente quando falamos de intolerância ao esforço, dificuldade em respirar, cansaço, pieira (“gatinhos no peito”). Por vezes e, em muitos casos, estes sintomas impedem a realização das atividades do dia-a-dia, seja em casa seja no local de trabalho/ escola. As crises de asma, caraterizadas por sintomas mais intensos e difíceis de controlar, implicam, em muitos doentes, ida a consultas não agendadas no centro de saúde ou no hospital ou ao serviço de urgência. Podem ainda incluir internamento hospitalar e absentismo laboral ou escolar.

O que significa controlo da asma?

O controlo desta doença crónica significa qualidade de vida, dormir bem, não se cansar, poder estudar, rir, fazer exercício, ter uma vida social normal, fazer pouca medicação de alívio e não ir a serviços de urgência.

Apesar do que os números dizem que 43% dos doentes não tem a sua asma controlada, a asma é uma doença relativamente fácil de controlar. É necessário, no entanto, a toma regular da medicação e de acordo com a indicação do médico assistente.

Celebra-se a 5 de maio, o Dia Mundial da Asma. Para assinalar a data,  as ações de sensibilização são fundamentais para alertar para o grande impacto da asma, em particular da asma grave no dia a dia das pessoas com a patologia.

Mitos e verdades sobre asma

Mito 1 - A asma tem cura

A asma é uma doença crónica, logo não tem cura. Tem, no entanto, uma característica diferente de outras doenças crónicas que é a capacidade de permanecer assintomática (ou seja, sem se manifestar) durante períodos de tempo que podem ser relativamente longos. Muitos doentes interpretam essa ausência de sintomas como “cura” da doença e abandonam a medicação e a consulta.

Mito 2 - A medicação para a asma, provoca  “habituação” e “fazer mal ao coração”

Tais receios são infundados atendendo ao perfil de segurança dos medicamentos atualmente utilizados. É preciso, não obstante, cumprir as indicações médicas nomeadamente em relação à dose de medicação.

Mito 3 - Doentes asmáticos não devem fazer a vacina contra a COVID-19 porque têm maior risco de reação adversa

Muitos tipos de vacinas foram estudadas também em asmáticos e estão a ser usadas em todo o mundo. As reações alérgicas às vacinas são raras e, atualmente, nenhuma doença alérgica contraindica de forma absoluta a toma destas vacinas. Recomenda-se SIM a vacinação contra a COVID- 19 nos doentes asmáticos.

Mito 4 - Corticoterapia inalada aumenta risco de complicações associadas à infeção pelo novo coronavírus.

A corticoterapia inalada é central no tratamento do doente asmático, para controlo da doença, e os asmáticos controlados não têm maior risco de desenvolver doença grave ou de mortalidade por COVID-19. Os doentes com asma devem manter a sua medicação inalada habitual, bem como manter a sua asma controlada.

Um artigo da médica Rita Aguiar, especialista em Imunoalergologia.