É considerada uma técnica de operação de terceira geração por ser realizada através dos orifícios naturais do corpo, evitando qualquer tipo de incisão cutânea, e demonstra indícios de que pode revolucionar a cirurgia em todo o mundo.
Falamos da cirurgia endoscopia transluminal por orifícios naturais (NOTES em inglês) que tem sido usada por alguns cirurgiões com sucesso. Um deles é José Noguera, chefe de cirurgia geral do Hospital Son Llátzer, em Palma de Maiorca.
O também investigador do Instituto Universitário de Investigação em Ciências da Saúde desvendou-nos a sua prática.
Abordagem alternativa
A técnica NOTES promete substituir a cirurgia aberta e até a laparoscópica (feita através de pequenos orifícios abertos no corpo e já menos invasiva que a primeira) em procedimentos no abdómen e no tórax e com melhores resultados. A razão para o desenvolvimento desta técnica é simples, «tentamos cada vez mais tornar a cirurgia minimamente invasiva, mas sem esquecer que necessitamos de extrair as peças extirpadas».
Neste caso, a extirpação poderá ser feita através da via oral, vaginal, rectal ou até pelo umbigo. A equipa de José Noguera já realizou cem cirurgias deste tipo, usando a vagina e também o umbigo. «A primeira foi uma colescistectomia transvaginal e realizou-se em 2007», conta o cirurgião.
Para o especialista, a vagina vai continuar a ser o orifício mais usado para este tipo de cirurgia, «pois permite realizar uma mínima invasão na parede abdominal e realizar extração das peças cirúrgicas». O cirugião acredita também que o estômago e o recto também serão cada vez mais usados, mas em casos mais concretos.
Solução para cirurgias oncológicas
Atualmente, como explica o cirurgião, as operações NOTES «são realizadas sob anestesia geral, mas no futuro alguns procedimentos, como os transgástricos simples, poderão ser realizados apenas com sedação».
Para José Noguera, esta técnica «não deve ser só usada em cirurgias simples, os procedimentos oncológicos podem fazer progredir este tipo de cirurgia». Um exemplo disso, é a intervenção feita por outro cirurgião espanhol, António Maria de Lacy, chefe do Serviço de Cirurgia Gastrointestinal do Hospital Clinic de Barcelona.
Em novembro de 2010, extirpou um tumor gástrico de oito centímetros, através da vagina, a uma mulher de 43 anos. De acordo com José Noguera, para que esta técnica se generalize, «é necessário desenvolver novos endoscópios que permitam o uso de instrumentos articulados e que possam rodar com facilidade». O cirurgião do Hospital de Maiorca está já a trabalhar nessa área para combater a insuficiente mobilidade de algumas ferramentas cirúrgicas.
Vantagens já demonstradas desta cirurgia
- Menor traumatismo na parede abdominal
- Menor risco de infecções e de complicações das feridas cirúrgicas
Por comprovar cientificamente
- Recuperação mais rápida
- Pós-operatório menos doloroso
Texto: Rita Caetano com José Noguera (cirurgião)
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