“O Natal é uma altura em que, por vezes, a saúde fica para segundo plano, mas não tem de ser assim. Aproveitar ao máximo não tem de significar descurar a nossa saúde. Este é um momento de amor, porque não aproveitá-lo para criar tradições em família que contribuam para a saúde de todos?”, questiona Carolina Neves, endocrinologista e diretora clínica da Qorpo.

Por isso, para a importância do equilíbrio partilhamos dez dicas que podem ajudar a combater os excessos desta época sem precisar de comer apenas comida aborrecida ou isolar-se de quem mais ama:

  1. Restrição alimentar nem sempre é o caminho: respeitar o plano de refeições que costuma fazer ao longo do dia é uma forma de evitar chegar à noite de Natal ou a outra refeição festiva com fome e vontade de comer tudo o que é colocado na mesa. Assim, poderá fazer melhores escolhas alimentares e comer em menor quantidade. Por isso mesmo, não é aconselhável adotar uma postura demasiado restritiva durante esta época se o foco for colocado no problema errado.
  2. Menos é mais: Cozinhar a maioria dos pratos e dos doces em vez de comprar comida feita, simplificar as receitas, reduzir a quantidade de açúcar destas e utilizar métodos culinários mais simples, como estufados, cozidos ou grelhados, não preparar comida em excesso e controlar as porções são boas formas de evitar excessos desnecessários. Ir às compras ou cozinhar em família poderá gerar algumas das melhores memórias desta época, associando a cozinha a momentos felizes.
  3. O desporto pode ser um momento de convívio: nada melhor do que dar um passeio depois de um almoço ou jantar com a família ou com os amigos para reforçar a ligação com os entes queridos ou colocar a conversa em dia com o amigo de forma mais pessoal. Além disso, manter toda a família ativa, organizando momentos de desporto em conjunto durante as férias poderá proporcionar ainda mais momentos divertidos.
  4. Ter atenção ao álcool: durante esta época, é fácil perder conta. Além do impacto na saúde, importa ter atenção às calorias que as bebidas podem trazer, e isto não se cinge ao álcool, uma vez que os refrigerantes são também ricos em calorias. Por isso, escolher bebidas sem açúcar ou água poderá ser uma boa solução. No caso de consumo de bebidas alcoólicas, alterná-las com água ajudará a manter o equilíbrio.
  5. Ingerir primeiro as opções mais saudáveis à mesa: sopa, saladas, grelhados e legumes. Uma vez saciado, mesmo que não resista, terá tendência a consumir menor quantidade de alimentos mais calóricos depois.
  6. Comer com consciência: As iguarias favoritas não precisam de ser cortadas. O importante é moderar as quantidades, comendo em pequenas porções. Saborear e mastigar lentamente cada pedaço levará à satisfação com menos calorias envolvidas.
  7. Comer sem culpa: Um ou dois dias de festa não determinam o nosso peso. São os hábitos de estilo de vida ao longo de todo o ano que são determinantes. A culpa pode gerar mais ansiedade e esta pode aumentar o impulso de procurar mais prazer gastronómico. Contudo, é importante não transformar 2 dias em várias semanas seguidas de maior consumo calórico diário, porque há "sobras" de delícias natalícias em casa. Evitar cozinhar em excesso e distribuir pelos familiares ou mais carenciados a comida que sobrou do Natal. É importante voltar à rotina equilibrada no dia seguinte.
  8. Evitar ganhar o hábito de consumir doces todos os dias: É frequente nesta época recebermos chocolates, bolos, guloseimas e estarmos rodeados de tentações bem antes do dia de Natal. Quando a frequência de ingestão de doces aumenta, este consumo diário de açúcar pode gerar um círculo vicioso no sistema de apetite do cérebro. Este estímulo gera impulsos que levam à procura por alimentos ricos em açúcar com cada vez mais frequência. Trata-se de uma desregulação do sistema hedônico e funciona como uma adição. O melhor é evitar tornar este consumo num hábito.
  9. Prestar atenção ao que realmente importa: Embora a comida seja parte integrante das festividades, colocar o foco na família e nos amigos poderá ser uma forma de viver esta época de uma forma mais leve. Se o equilíbrio e a moderação são guias habituais, estes momentos devem ser caracterizados pela alegria e não pelo stress da rotina. Além disso, pensar em dinâmicas novas, além de partilhar uma refeição, poderá ser uma boa forma de contribuir para a saúde de todos.
  10. Procure ajuda profissional: “Para quem vive com obesidade, esta pode ser uma época de maior ansiedade e culpa, ou até medo de agravamento da sua saúde ou perda de conquistas já conseguidas no seu tratamento. Por isso, é importante apostar no acompanhamento especializado por profissionais de saúde que ajudem a manter a serenidade e o equilíbrio físico e mental, para viverem esta época sem angústia e com prazer, mas mantendo os cuidados já implementados. Para quem ainda não procurou ajuda profissional, o novo ano é uma oportunidade de recomeços e procurar o tratamento adequado, através de uma equipa multidisciplinar como a da Qorpo, pode ser o primeiro passo.”, remata a endocrinologista da APDP.

O excesso de peso e a obesidade são considerados pelo Organização Mundial de Saúde uma epidemia com graves consequências para a saúde. Segundo os dados recentemente divulgados pela Federação Mundial de Obesidade, estima-se que, em 2035, 51% da população mundial, ou quatro mil milhões de pessoas, terá excesso de peso ou obesidade se a prevenção e o tratamento não forem priorizados.

Em Portugal, já existem cerca de dois milhões de pessoas adultas com obesidade, um valor que aumenta para 67,6% da população portuguesa quando somadas as pessoas com excesso de peso. Isto significa que mais de metade da população portuguesa está também em maior risco de vir a desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes e outros problemas como distúrbios do sono.