Com estas pistas, é difícil não adivinhar. Afinal, costuma dizer-se que tudo o que é bom faz mal e talvez o azeite seja numa das poucas excepções a essa regra que tantas dores de cabeça (e quilos!) nos costuma trazer.
Considerado a gordura vegetal saudável por excelência, o azeite é um dos protagonistas da chamada dieta mediterrânica, uma alimentação com tradição secular que contribui para melhorar a saúde, proporcionando simultaneamente uma sensação de prazer e bem-estar.
De acordo com esta dieta, aconselhada por muitos especialistas, o azeite deve substituir, sempre que possível, gorduras de origem animal. Prepare-se para descobrir tudo o que pode fazer por si.
A origem
A história do azeite é já muito longa, milenar. Sabe-se que a origem da oliveira remonta à Época Terciária, ainda antes do aparecimento do Homem, mas quando este o descobriu, não parou de encontrar vantagens na sua utilização. Desde a época das antigas civilizações mediterrânicas que é aproveitado graças à sua versatilidade: servia como alimento, produto básico na medicina tradicional, na higiene e na beleza.
Era empregue como combustível para iluminação, lubrificante para ferramentas e impermeabilizante para as fibras têxteis. Ao longo dos tempos, os povos souberam usufruir do seu potencial e, por isso mesmo, mantiveram a sua cultura. Hoje, o azeite assume um papel fundamental na alimentação mediterrânea e está presente na maior parte das mesas portuguesas.
Propriedades nutricionais
Os azeites virgens são obtidos, a partir do fruto da oliveira, por processos mecânicos ou físicos em condições que não provoquem alteração do produto. O azeite não é mais do que o sumo da azeitona que conserva o sabor, o aroma, as vitaminas e todas as propriedades do fruto, sendo a mais digestiva de todas as gorduras e a que melhor suporta temperaturas altas, mantendo as suas propriedades nutricionais, ainda que não deva ser sobreaquecida.
É composto maioritariamente por ácidos gordos monoinsaturados e vitamina E, nutrientes considerados essenciais para uma alimentação completa. É rico também em antioxidantes, substâncias que contrariam a acção dos radicais livres que são responsáveis pelo acelerar do processo de envelhecimento celular.
Azeite terapêutico
Vários estudos comprovam que nos países onde a dieta é tradicionalmente rica em azeite a incidência de doenças cardiovasculares é muito menor, em comparação com aqueles em que existe um consumo elevado de gorduras de origem animal.
Os ácidos gordos monoinsaturados funcionam como protector do sistema vascular, provocando uma queda dos níveis de mau colesterol no sangue, ao mesmo tempo que mantêm os índices de bom colesterol equilibrado. Por sua vez, a vitamina E actua como um antioxidante capaz de desobstruir as artérias, facilitando a circulação sanguínea e o funcionamento do coração.
O azeite é também um aliado no combate à diabetes, já que reduz a taxa de glicemia em jejum, permitindo um controlo da hiperglicemia e um aumento da sensibilidade à insulina. Assim, em vez de uma dieta pobre em glícidos,
os diabéticos devem substituir outras gorduras (como a margarina) pelo azeite.
Veja na página seguinte: A acção anti-cancerígena do azeite
Acção anti-cancerígena
Alguns estudos têm também sido desenvolvidos no sentido de apurar a ligação entre os efeitos do azeite e algumas formas de cancro, entre as quais se destaca o cancro da mama.
Os resultados têm sido animadores: por exemplo, um grupo
de investigadores de Chicago provou que o ácido oleico, o principal constituinte do azeite, pode inibir o desenvolvimento de uma proteína envolvida nos casos mais agressivos de cancro da mama.
Por outro lado, este ácido favorece também a absorção intestinal do cálcio, do fósforo e da vitamina D, o que contribui para a prevenção da osteoporose e da desmineralização dos ossos. Da mesma forma, previne também as inflamações,
o que se revela importante no tratamento de doenças do foro reumático.
Conta, peso e medida
O consumo de azeite é também apontado como aliado da memória, ajudando a preservar as funções cognitivas, uma vez que os ácidos monoinsaturados
protegem as membranas que ligam os neurónios. Todos estes factos são, sem dúvida, animadores. No entanto, não nos podemos esquecer que o azeite é uma gordura e, portanto, possui um elevado teor energético.
Por isso mesmo, e apesar das boas notícias, não abuse, pois tudo isto só poderá resultar se for aliado a um regime alimentar saudável e equilibrado, sem cometer excessos.
Potencial cosmético
Curiosamente, muito antes de a medicina existir como a conhecemos, já o azeite era utilizado nomeadamente como ingrediente de pomadas de fabrico caseiro, principalmente para tratar problemas do foro dermatológico e reumático.
Esta gordura pode também servir como ingrediente para tratamentos de beleza: nutre a pele, protege-a, torna-a mais suave e ajuda a conservar a sua juventude. Existem inclusivamente cosméticos que a apresentam como protagonista.
Desde a antiguidade que tem sido usada em banhos, massagens, máscaras de
beleza ou champôs, mas hoje, misturada com outras substâncias, pode ainda usá-la para tratar a pele e cabelos secos, para hidratar as mãos, lábios gretados ou até para fortalecer as unhas. Não se espante, pois, se encontrar tratamentos à base de azeite num spa...
Dica
Mantenha as embalagens de azeite em local fresco, sem luz e longe de produtos com
cheiros intensos, para evitar que esta gordura os absorva.
Texto: Joana Marques
Foto: Artur
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