O grupo de utentes e amigos do serviço de internamento das Unidade de Alcoologia do Sul denunciou “o fecho anunciado deste serviço, que deixa este mês de receber utentes e de salvar vidas”.

Segundo Pedro Múrias, do grupo de utentes e amigos do serviço de internamento, aquela unidade tem capacidade para 25 pessoas e tem em lista de espera 60 utentes, que ficam sem hipóteses de ser tratados.

“Neste momento está com seis utentes. Entram os dois últimos hoje ou amanhã, por falta de técnicos, essencialmente enfermeiros, que estão a metade”, disse à Lusa.

Segundo Pedro Múrias, o risco de encerramento daquele serviço chegou ao conhecimento dos utentes através da própria direção do serviço, que considerou humanamente impossível manter o seu funcionamento nas atuais condições.

Este utente afirmou que os enfermeiros têm estado a fazer turnos de 18 horas e de 24 horas.

Contactada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa garantiu que aquele serviço não vai ser encerrado e adiantou que está já a ser procurada uma solução.

Pedro Múrias destacou a importância daquela unidade, que é a “única em Lisboa com tratamento estatal, sem custos, acessível a todos” para tratar o problema do alcoolismo, porque este tratamento, no privado, “custa uma fortuna”.

Mas não se limita a tratar e a “salvar vidas”, também “ensina as ferramentas para essas vidas poderem manter-se livres do álcool, faz a integração da família no tratamento do alcoólico, acredita nas pessoas e investe nas suas capacidades para entrarem em recuperação e após a alta o apoio continua com os grupos terapêuticos”.

“Estive [na unidade] há 12 anos e construí a minha vida até hoje com base no que me foi ensinado aqui”, assinalou Pedro Múrias.