Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), as famílias estão a enfrentar muitas dificuldades para colocar comida na mesa durante o corrente mês do Ramadão, quando os muçulmanos praticantes se abstêm de comer e beber do nascer ao pôr do sol.
A situação dos países do Médio Oriente e do norte da África já tinha piorado com a pandemia de covid-19.
A guerra na Ucrânia, desencadeada com a invasão russa a 24 de fevereiro, causou a interrupção de exportações de alimentos, enquanto as sanções dos países ocidentais à Rússia têm vindo a dificultar as trocas económicas do país.
A Ucrânia e a Rússia respondem por um terço das exportações globais de trigo e cevada, dos quais os países do Médio Oriente dependem para alimentar milhões de pessoas.
Os dois países em guerra são também os principais exportadores de outros grãos e de óleo de semente de girassol, que é usado para quase todos os cozinhados das regiões do norte de África e do Médio Oriente.
A UNICEF avisou hoje que, se a situação se mantiver, vai afetar severamente as crianças da região, especialmente no Egito, Líbano, Líbia, Sudão, Síria e Iémen, países que já enfrentavam conflitos e graves crises económicas antes do início da guerra na Europa.
“Com conflitos em curso, instabilidade política, a pandemia de covid-19 e a crise da Ucrânia, a região está a enfrentar aumentos sem precedentes dos preços dos alimentos, juntamente com um muito baixo poder de compra”, explicou a diretora regional da UNICEF para o Médio Oriente e norte da África, Adele Khodr.
O número de crianças desnutridas deverá aumentar drasticamente, acrescentou.
Os países do Médio Oriente e norte de África importam mais de 90% dos alimentos que consomem.
Segundo a agência da ONU, apenas 36% das crianças da região têm atualmente acesso à alimentação de que precisam para crescer e para se desenvolverem de forma saudável.
A Rússia lançou, em 24 de fevereiro, uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou, pelo menos, 1.563 civis, incluindo 130 crianças, e feriu 2.213, entre os quais 188 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,2 milhões para os países vizinhos.
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