Na iniciativa participaram cerca de 30 enfermeiros em greve durante o turno da manhã, em representação dos três hospitais tutelados pelo CHEDV: o da Feira, o de São João da Madeira e o de Oliveira de Azeméis, que, no total, servem uma comunidade na ordem dos 350.000 utentes.

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"Há cerca de 600 enfermeiros a trabalhar no CHEDV e, só em horas extraordinárias, todos devem estar a fazer em média 20 a 30 horas por mês, o que quase representa mais uma semana inteira de trabalho", afirmou à Lusa Pedro Frias, dirigente nacional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).

"O défice de profissionais já existia antes de ser implementado o horário das 35 horas semanais", realça Fernando Carvalho, delegado do SEP no CHEDV.

"Por isso é que a contratação recente de mais 12 enfermeiros continua a não ser suficiente para os três hospitais e a nossa primeira reivindicação é que seja reforçado o número destes profissionais para ser possível o cumprimento dos horários e se evitar a sobrecarga dos que cá estão agora", acrescenta esse responsável, estimando serem necessários cerca de 50 novos colegas para se atender às exigências do serviço.

Enfermeiros sem férias

Dessa falta de recursos humanos resulta que, em certas valências, "há enfermeiros que não gozam direitos de férias e que têm tantos feriados por usufruir que já nem se lembram de quantos", ao que acresce ainda "muito absentismo por ‘burn out', de tão esgotadas que as pessoas estão".

A segunda medida que os enfermeiros do CHEDV querem ver satisfeita é o descongelamento dos salários, já que "há profissionais com 20 anos de casa que estão a receber o mesmo que os jovens em início de carreira".

Lembrando que a classe que assegura a enfermagem do CHEDV está sem atualizações remuneratórias desde 2005, Fernando Carvalho diz que isso está agora a criar uma situação particularmente injusta para com os profissionais "mais experientes e qualificados".

A terceira exigência dos enfermeiros da Feira, São João e Oliveira é que o suplemento remuneratório para enfermeiros-especialistas seja pago "a todos" os profissionais nessa categoria - que atualmente são "mais de 230" - e não apenas aos 86 que vêm beneficiando dessa medida desde que ela foi autorizada pelo Governo em maio de 2018, com efeitos retroativos a janeiro do mesmo ano.

Em causa estão "150 euros mensais" para enfermeiros que, após a devida licenciatura, concluíram uma especialização que os habilita a exercerem funções diferenciadas nos serviços de pediatria, psiquiatria ou reabilitação física, por exemplo, ou mesmo como parteiros.

"Durante muito tempo não lhes valeu de nada tirar a especialização porque continuaram a ganhar o mesmo e, agora que a situação foi corrigida, só está a beneficiar dela uma parte desses enfermeiros", afirma Fernando Carvalho, defendendo que é à administração do CHEDV que cabe a responsabilidade de exigir do Governo os valores necessários para poder pagar o referido suplemento à globalidade dos seus 230 enfermeiros-especialistas.

Segundo os dirigentes do SEP, as questões relativas aos recursos humanos e ao descongelamento salarial dos enfermeiros do CHEDV motivaram duas petições que serão hoje entregues à administração do CHEDV e ao Ministério da Saúde. "A da contratação de mais profissionais tem 331 assinaturas e a dos salários 115", revelam.