“A proposta de carreira que o Governo apresenta está a ano-luz de fazer justiça a estes trabalhadores. São trabalhadores que têm uma função específica (…) e aquilo que se exige é uma carreira especial”, disse hoje à agência Lusa o coordenador da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS), Sebastião Santana, à margem de uma pequena concentração de delegados sindicais junto ao Ministério da Saúde (MS), em Lisboa.

Em maio, o MS apresentou às associações representativas dos trabalhadores um projeto de decreto-lei que cria a nova carreira de técnico auxiliar de saúde, com aplicação nas entidades integradas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

De acordo com o coordenador da FNSTFPS, a proposta do Governo deixa a “esmagadora maioria” dos trabalhadores fora da possibilidade de integração na carreira por não terem formação de técnico auxiliar de saúde.

“(…) É absolutamente absurdo, porque a formação da carreira técnica auxiliar de saúde é ministrada no SNS por trabalhadores que não a têm. O que têm são coisas simples como 30 anos de experiência profissional e é com essa [experiência] que estão a formar quem vem de novo”, salientou.

O sindicalista lamentou que haja um "diálogo bastante retorcido” com o Governo e que só sejam integrados os trabalhadores que obtiverem formação.

“O Governo diz que só integrará em carreira quem tiver formação, ou seja, os trabalhadores com mais experiência não têm condições, o que é um absurdo completo”, sustentou.

Recordando também a baixa remuneração dos técnicos auxiliares de saúde, Sebastião Santana ameaçou com novas formas de luta, caso o processo negocial não “satisfaça as necessidades dos trabalhadores”.

“Avançaremos com certeza para a luta (…), e aí o Governo vai perceber a importância e o papel que estes trabalhadores têm no SNS”, sublinhou.